No começo do século XX, lutando por melhores condições de trabalho, mulheres foram às ruas. A manifestação resultou em violência, bem como na morte de diversas mulheres. Em homenagem à memória das manifestantes, em 1910 foi decidido que o dia 8 de março passaria a ser o Dia Internacional da Mulher, data que só foi oficializada em 1975 pela Organização das Nações Unidas(ONU).
A ideia por trás do dia comemorativo é debater o preconceito de gênero, violência doméstica e a atuação da mulher na sociedade, que apesar dos avanços sociais ainda é desvalorizada. Em Cuiabá, mulheres como Mãe Bonifácia e Maria Taquara são sempre lembradas. Uma escrava alforriada protegia os demais escravos. Era curandeira e comandava o quilombo. Já Maria Taquara, lavadeira que lutava pela igualdade dos gêneros, é citada como a primeira mulher a usar calças na cidade.
A historiadora e escritora do livro “Riqueza Lícita de Mato Grosso”, Graci Ourives de Miranda, friza que a mulher mato-grossense evoluiu e conseguiu se estabelecer. “Há 38 anos visualizando a mulher mato-grossense, percebe-se a estabilidade como a evolução social e política, sem atrito com o parceiro”, destacou, relacionando o caminho traçado pela mulher como um beija-flor, que conquista seu espaço lentamente.
Para a única mulher em exercício como deputada estadual Luciane Bezerra, a data serve como reflexão. “Diante de tanta luta enfrentada, mostramos o potencial. Hoje, as mulheres atuam em qualquer área, principalmente na política. Mas podemos fazer mais. Precisamos de mais mulheres se envolvendo na luta para mudar o futuro”, destacou.
Buscando resultados positivos, a Defensoria Pública de Mato Grosso lançou a campanha “Violência Contra a Mulher, Vamos Meter a Colher”, que neste 8 de março visa conscientizar as mulheres sobre a importância de denunciar casos de agressão, seja moral, física ou verbal.
A defensora pública Lindalva de Fátima Ramos, que também é a idealizadora da campanha, explica que a violência está presente em todas as camadas da sociedade e ressalta que o ato está se tornando comum para muitos casais. Por isso, a campanha prioriza também ampliar o atendimento da Defensoria Pública e a Delegacia Especializada da Defesa da Mulher e a atuação do trabalho desenvolvido pela Sala da Mulher da Assembleia Legislativa.
Para a coordenadora da Sala da Mulher, Dilair Savi, já faz tempo que a briga de casal deixou de ser algo particular, e em busca de uma família unida, do lar harmonioso, a campanha busca combater esse tipo de violência. “Nossa luta não é contra o homem, mas eles precisam entender que sua esposa não é uma propriedade particular, mas uma companheira de todas as horas”, ressaltou.
E como já dizia Vinícus de Moraes no Soneto do Corifeu, usado na peça Orfeu da Conceição “Deve andar perto uma mulher que é feita de música, luar e sentimento e que a vida não quer de tão perfeita”.