A Polícia Federal deflagrou a Operação Dr. Lao, com o intuito de desarticular uma organização criminosa, composta por servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em Mato Grosso, especializada em desviar recursos públicos por meio do uso irregular do cartão corporativo do governo federal. Em sete anos, os acusados movimentaram mais de R$ 2 milhões.
Foram seis alvos de prisão, além de 15 de busca e apreensão cumpridos em Cuiabá, Santo Antônio do Leverger, Cáceres, Pontes e Lacerda, Rondonópolis e Várzea Grande. Além disso, foi decretado o sequestro de bens móveis e imóveis dos acusados.
Até o fechamento dessa edição, cinco pessoas haviam sido presas. E uma delas estava foragida. Não houve ordem de prisão contra o chefe do IBGE em Mato Grosso, Deovaldo Benedito de Souza. Ele foi espontaneamente à sede da PF, prestou depoimento e acabou liberado. Apesar disso, foi indiciado por peculato. Dos cinco presos, três são chefes de unidades do órgão no interior.
Os agentes federais acrescentaram que duas pessoas foram conduzidas até a sede da PF para prestar esclarecimento. A operação, deflagrada na quarta-feira de manhã, teve ainda a participação da Controladoria-Geral da União (CGU), em parceria com o Ministério Público Federal (MPF). São cerca de 70 policiais federais e 10 auditores da CGU participam da operação.
Até o momento, a investigação já identificou que sete servidores das unidades do IBGE em Cuiabá, Rondonópolis, Cáceres e Pontes e Lacerda concentraram 64,32% de todo o gasto do cartão de pagamento do Governo Federal do IBGE em Mato Grosso, de 2011 a 2013. As investigações apontam que, nesses três anos, o IBGE gastou pouco mais de R$ 1,4 milhão no cartão. Desse total, os sete servidores foram os responsáveis pelo gasto de R$ 903 mil, que corresponde a 64,32% do total gasto pelas quatro unidades do IBGE. A maioria do dinheiro gasto foi sacado.
De acordo com agentes federais, os valores movimentados por meio de saque podem ser ainda maiores, pois de 2007 a 2013 esses sete servidores movimentaram mais de R$ 2 milhões. Contudo, não foi possível analisar os gastos por meio de saque anteriores a 2011, pois o Portal de Transparência do IBGE só fornece os dados a partir de 2011 e o Portal da Transparência da Controladoria Geral da União não traz o detalhamento dos saques.
“O governo federal determina que o cartão deve ser usado preferencialmente na função crédito. E que os saques só devem ocorrer em situações excepcionais”, afirmou o delegado Guilherme Torres, responsável pelo caso.
Na tentativa de forjar a legalidade do gasto, eram apresentadas notas fiscais "frias" de empresas que não estavam mais em funcionamento; recibos falsos emitidos, inclusive, por pessoa já falecida; e pagamento por serviços que sequer foram prestados.