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Tráfico, insegurança e medo
Por por Francisco Faiad
01/08/2014 - 09:08

Foto: arquivo

A segurança pública em Mato Grosso está preocupante. As estatísticas têm mostrado um numero cada vez mais crescente da criminalidade. E não tenho duvidas de que essa situação de violência que alastra sobre todas as cidades do Estado, independentemente do seu tamanho, só será arrefecida se houver uma disposição interminável por parte das autoridades em abrir uma ''guerra'' poderosa contra o tráfico de drogas. É a partir dessa matriz de criminalidade que a violência tem avançado e destruído tantas famílias.
 

 

Não dá mais para tolerar. A sociedade está farta do medo. No dia a dia, sair de casa para trabalhar se transformou em um ato de indefinição extrema: pode não se voltar sã e salvo. A cada momento, a violência movida pelo mercado dos entorpecentes nos espreita. Uma aproximação nos retrai, nos apavora; pode ser mais um ''noiado'' a nos atormentar. O cotidiano mudou. Vivemos hoje uma vida de reclusão.
 

 

A situação está tão crítica que nem mesmo as fazendas produtoras de riquezas, geradoras de divisas e empregos, está imune a tanta violência. A criminalidade tem achado nos defensivos uma forma de furtar a paz do homem do campo.
 

 

É verdade que a segurança pública em Mato Grosso está deficiente: falta um numero maior de policiais, tanto na área militar, responsável pela ostensividade, como também na civil, para as ações de inteligência. O numero de policiais está muito aquém do contingente considerado necessário. Essa carência se deve aos aspectos relacionados a alta rotatividade nas corporações, que se queixam de melhores salários e falta de estrutura – o que não deixa de ser verdadeiro.
 

 

Esse desequilíbrio não é de hoje. A situação vem desde a década de 90. Como presidente da OAB em Mato Grosso por dois mandatos, discutimos essa questão da segurança inúmeras vezes. Mais recentemente, como secretário de Administração, o assunto era tratado quase que cotidianamente. Há dois lados da questão que se confrontam, mas que é perfeitamente possível de serem compatibilizados.
 

 

Contudo, considero que o ataque cirúrgico às raízes da violência poderá dar a sociedade mato-grossense um salto de qualidade de vida. Por isso, é preciso que haja um esforço coletivo entre a classe política e as entidades de classe, juntamente com os clubes de serviços e outros segmentos organizados da sociedade, para que sejam constituídos esforços no combate ao negócio das drogas.
 

 

 

Mato Grosso tem uma peculiaridade geográfica que favorece em muito a ação dos traficantes, que é a tão decantada – e muito discutida e controvertida – fronteira seca com a Bolívia, um dos maiores produtores de drogas pesadas do mundo. Essa situação, por si só, há dezenas de anos, já deveria ter sido tratada com a prioridade pelas autoridades brasileiras. Mas, houve negligencia. Como ocorre até hoje. A ação dos cartéis do narcotráfico é facilitada pela falta de policiamento e na ausência de medidas efetivas de inteligência. Somente o valoroso Grupo Especial de Fronteira (Gefron) da Policia Militar mantém sua luta diária e desproporcional. Bravos guerreiros!
 

 

Porém, é pouco. Somente um destacamento da Polícia Militar para guardar a fronteira com a Bolívia demonstra apenas a boa vontade do Governo em querer ajudar. É preciso mais. Algo parecido como a força tarefa que a Força Nacional executa no interior de Mato Grosso atrás de quem desmata ou coloca fogo ilegalmente. Hoje, mais do que nunca, se faz necessário atacar o grande mal que está matando as famílias, os jovens e até as crianças, nos expondo ao medo e nos transformando em seres cada vez mais isolados e piores.
 

 

A pergunta que se faz é: até quando vamos permitir que essa situação da fronteira de Mato Grosso com a Bolívia persista? Até quando as autoridades vão fechar os olhos para a triste realidade que a ação do narcotráfico impõe no nosso dia a dia? Até quando? Hora de agir.
 

 

 

Francisco Faiad é ex-presidente da OAB em Mato Grosso

 

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