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Estudantes de Medicina farão novo ato para marcar duas semanas de greve
Por sosmedicinaunemat.blogspot.com.br/
26/08/2014 - 19:23

Foto: sosmedicinaunemat.blogspot.com.br/

Os estudantes de Medicina da Unemat devem fazer novo ato nesta quarta-feira, 27, para marcar as duas semanas de greve. Está prevista uma caminhada a partir das 8h, com saída da praça em frente ao Hospital São Luiz, no Centro.

De acordo com os alunos, a greve é uma medida enérgica, mas necessária, devido à situação precária do curso. As melhorias foram solicitadas diversas vezes pelos estudantes desde 2012 à gestão da universidade, e os estudantes alegam que não há condições de prosseguir com as aulas. Os acadêmicos afirmam que a greve só acaba quando todas as reivindicações forem atendidas.

Na última semana, os alunos fizeram protestos em Cuiabá e em Cáceres, e reuniram-se com o governador do Mato Grosso, Silval Barbosa, com Secretário chefe da Casa Civil, Pedro Nadaf, com o reitor da Unemat, Dionei Silva, com o secretário de Saúde de Cáceres, Wilson Kishi, e o procurador geral do município, Renato Cunha. Até agora, não houve acordos. 


APOIO DE OUTRAS UNIVERSIDADES

Os estudantes de Medicina da Unemat receberam notas de apoio de acadêmicos de 20 universidades médicas. Alunos do Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Piauí mostraram solidariedade à luta por melhores condições de ensino. Dois Diretórios Centrais de Estudantes, da Unemat Alto Araguaia e UFTPR também se manifestaram a favor da greve.


MP ABRE INQUÉRITO PARA APURAR DENÚNCIAS

O Ministério Público Estadual (MPE) instaurou inquérito civil para apurar a atual estrutura oferecida pela Unemat aos estudantes do curso de Medicina, que passou a ser ofertado pela instituição no segundo semestre de 2012. Alvo de reclamações constantes por parte dos discentes, o curso apresenta irregularidades, como déficit de professores, falta de salas de aulas e laboratórios específicos para o curso.

Em maio de 2013, pouco antes da situação precária do curso virar assunto da imprensa nacional, o promotor de Justiça do Município, Kledson Dionysio de Oliveira, instaurou um procedimento preliminar para apurar as denúncias feitas pelos estudantes. A fase atual do inquérito é destinada à análise das provas colhidas para saber se as investigações irão culminar no oferecimento de denúncia à Justiça.


REIVINDICAÇÕES

Os alunos declaram que o movimento é apartidário, sem líderes e independente. De acordo com os acadêmicos de Medicina, desde 2012 a Reitoria da Unemat promete, mas não cumpre. Uma das promessas é a entrega dos blocos de laboratórios, garantida para três datas, todas adiadas. Foram adquiridas apenas algumas peças artificiais de laboratório, e as anatômicas humanas, indispensáveis ao aprendizado médico, continuam inexistentes. Além disso, faltam biotério e espaço físico para aulas, e as salas são disputadas entre professores.

Sobre os docentes, mesmo com o concurso público feito este ano, a demanda não foi suprida, e ainda existem disciplinas sem aula. Além disso, parte dos profissionais não recebeu treinamento para a metodologia PBL, o que dificulta o aprendizado. Para os estudantes, este é um exemplo de descaso com o compromisso firmado pela gestão da universidade.

A biblioteca também está defasada, com livros antigos e muitos títulos indisponíveis para atender à demanda do curso, que já conta com cinco turmas.

Os alunos também reclamam que o projeto pedagógico é defasado e incompleto, e a entrega dos planos de ensino muitas vezes não ocorre. Falta planejamento e infraestrutura.

Outra demanda são os convênios regularizados. Sem hospital-ensino, os estudantes chegaram a ser barrados em atividades nas instituições de saúde, o que gera constrangimento e defasagem no aprendizado.

A gestão da Unemat, que discursa sobre ensino de qualidade e necessidade de pesquisas, não proporciona o mínimo para que os estudantes desenvolvam artigos científicos. Não existe internet wi-fi no campus.

Além dessas urgências, os alunos reivindicam, em médio prazo, restaurante universitário e transporte coletivo entre os campi, soluções que beneficiarão também outros acadêmicos da universidade.

Há dois anos, foi divulgado na mídia que o Governo do Estado queria implantar o curso de Medicina para o campus de Cáceres da Unemat com gasto de R$ 9 mi no primeiro ano, com infraestrutura completa.

Em agosto de 2012, ocorreu a aula inaugural do Curso de Medicina da Unemat. À época, o governador do Estado, Silval Barbosa, fez uma declaração marcante ao jornal Diário de Cáceres e disse que “Os novos acadêmicos não precisam temer falta de estrutura. Foi tudo muito bem pensado e organizado”. O governador garantira que o curso nasceria estruturado, com hospitais para estágio, convênios com o Estado e o município.

Tais promessas não foram cumpridas, e deficiências e irregularidades começaram a aparecer já no primeiro semestre. Os alunos fizeram denúncia, fato que repercutiu nacionalmente. Na época, a reitoria prometeu professores, equipamentos e laboratórios, mas a demanda, no entanto, persistiu.

Em 2013, ocorreu nova onda de protestos. Em fevereiro, a imprensa noticiou que 20% dos estudantes desistiram do Curso por falta de estrutura. À época, a gestão da Unemat alegou que equipamentos de laboratório suficientes foram adquiridos e que os laboratórios eram apropriados, fato que não corresponde à realidade.

Em junho daquele ano, depois de quatro meses sem soluções, os estudantes novamente protestaram. A resposta da gestão da Unemat foi a de que aqueles que não estivessem satisfeitos, que se retirassem. A postura foi duramente criticada na mídia nacional, repercutindo em jornais como O Globo.

Após a crise, foram feitas novas reuniões com os reitores  Adriano Silva, em 12 de junho de 2013, e seu sucessor Dionei Silva, em 26 de março de 2014. Nas duas ocasiões, os reitores prontificaram-se em ouvir as angústias dos alunos e garantiram que as irregularidades seriam definitivamente sanadas.

Passados cinco meses após a última reunião, as deficiências persistem.  Após dois anos de reivindicações e promessas não cumpridas, os estudantes revoltaram-se e declararam greve por tempo indeterminado na última quarta-feira,13. Eles afirmam que só voltam às atividades quando todos os problemas forem, finalmente, solucionados. Na última semana, o Ministério Público abriu inquérito para investigar o caso.

 

 

 

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