Duas aeronaves roubadas em Cotriguaçu, a 920 km de Cuiabá, e em São Félix do Xingu (PA) foram localizadas na Bolívia pelos respectivos proprietários. Agora, eles reclamam da burocracia para conseguir trazer os aviões de volta para o Brasil. Cada aeronave é avaliada em R$ 500 mill. No mês passado, o empresário e piloto Sidnei Laurindo de Souza foi vítima de uma emboscada e teve a aeronave, modelo Cessna 210, levada por assaltantes na pista do aeroporto municipal de Cotriguaçu.
O avião dele foi localizado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. A informação foi passada a ele pela própria polícia boliviana. Sidnei disse que a aeronave está no aeroporto 'El Trompillo', em poder da Força Aérea do país vizinho, e foi apreendida junto com outros dois aviões que também teriam sido roubados. "Entrei em contato com o consulado do Brasil em Santa Cruz, me informaram que o responsável não estava e, agora, estou arrumando as documentações para ir até lá", afirmou o piloto que mora em Aripuanã, a 976 km da capital mato-grossense.
O G1 entrou em contato com a Embaixada da Bolívia no Brasil para obter informações sobre as medidas a serem tomadas para reduzir essa burocracia entre estados, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. Já a Embaixada do Brasil na Bolívia, o responsável por repassar informações em nome do órgão estava em horário de almoço.Ele reclama também do valor das taxas cobradas. Uma delas custa R$ 1,5 mil. Foi dado entrada na documentação no consulado brasileiro na cidade de Cobija, na Bolívia e no consulado boliviano em Epitaciolândia, no Acre.
O roubo da aeronave foi no dia 7 deste mês quando Sidnei foi até Cotriguaçu atendendo a uma chamada para o transporte de um paciente. No entanto, assim que pousou o avião na pista, ele foi surpreendido por dois homens armados. "Eles mandaram que eu olhasse para baixo e apontaram a arma para mim. Eu estava com o segredo do avião no bolso e eles mandaram que eu funcionasse a aeronave. Se não, iriam atirar em mim", contou.
O crime foi cometido por pelo menos oito homens. Alguns seguiram com o empresário até uma estrada e o abandonaram amarrado no veículo. Depois de algum tempo, a vítima conseguiu se soltar e de caminhonete com pneu furado, foi até a cidade e registrou boletim de ocorrência na Polícia Civil.
A mesma burocracia para a repatriação de uma aeronave roubada no Brasil é enfrentada pelo empresário André Ronaldo Nogueira Costa, que teve o monomotor Cessna 206 roubado, em São Félix do Xingu (PA), em fevereiro deste ano. O avião dele está em Santa Ana Del Yacuma, também na Bolívia. Ele já foi até lá e certificou que a aeronave localizada pela polícia boliviana é mesmo a dele.
O avião foi localizado por ele com o apoio da Força Aérea Brasileira quando ainda estava em poder de traficantes de drogas, na última segunda-feira (20). "Tinham me falado os locais que eles [traficantes] costumam atuar, daí fui até lá e o encontrei em uma pista de pouso da cidade. Fizeram alterações dentro do próprio aeroporto. A pessoa que estava com o avião seria um dos maiores traficantes daquela região", contou. Porém, agora ele reclama dos empecilhos para conseguir reaver o veículo.
O avião foi apreendido pela polícia nesta terça-feira (21). "Preciso da ajuda do governo brasileiro para trazê-lo porque na Bolívia me deram várias desculpas e não definiram nada", afirmou André.
O roubo ocorreu depois da empresa de táxi aéreo ter sido contratada para supostamente transportar um casal de idosos. "Quando o piloto chegou lá, o rapaz que tinha ido junto disse que os avós ainda não tinham chegado. Depois, doparam o piloto e levaram o avião", contou. Os suspeitos do roubo foram presos no início do mês passado, em Rolim de Moura (RO).