Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
População indígena cresce em MT
Por Diário de Cuiabá
19/04/2012 - 06:47

Mato Grosso é o 6º estado em população indígena no Brasil. Com 42.538 habitantes que se declararam indígenas, aparece atrás apenas do Amazonas, Mato Grosso do Sul, Bahia, Pernambuco e Roraima, segundo o Censo de 2010, cuja análise qualitativa dos dados pelo IBGE aconteceu esta semana. O crescimento do número de índios foi de 45% em Mato Grosso, na última década, já que, de acordo com o Censo do IBGE feito no ano 2000, há dez anos havia 29.196 índios no estado. Os dois estados primeiros colocados, Amazonas e Mato Grosso do Sul, têm 168.680 e 73.295 índios, respectivamente. Já na representatividade dos habitantes índios em relação aos não-indígenas, Mato Grosso aparece em 5º lugar, com 1,4% da população estadual e 5,2% do total de índios brasileiros. Em Mato Grosso do Sul, os 73.295 índios representam 3% dos habitantes locais e 9% do país. Já no Estado que tem mais índios, o Amazonas, eles representam 4,8%, menos que Mato Grosso na população local, e no dado do Brasil com 20,6%. No Brasil, segundo o Censo, são 817 mil pessoas que se autodeclararam indígenas. Esse número revela um crescimento de 11,4% na última década, entre 2000 e 2010, ou seja, 84 mil indígenas a mais. Esse dado, porém, conforme análise do próprio IBGE, não foi tão expressivo quanto o verificado no período anterior, 1991/2000, que revelou um crescimento de aproximadamente 150%, ou 440 mil indígenas a mais que na década anterior. Outro dado que chama a atenção nessa estatística é a queda da presença dos índios nas áreas urbanas. Em Mato Grosso, assim como na maioria dos estados, verificou-se um declínio da população autodeclarada indígena que mora nas cidades. O Censo de 2000, quando Mato Grosso tinha 29.196 índios, revelou que 2.175 viviam em Cuiabá. Essa mesma pesquisa feita em 2010 mostrou que esse número caiu para 1.644, ou 531 a menos na capital mato-grossense. Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul, aparece como a exceção dessa regra. Lá, conforme o Censo, viviam 4.641 índios em 2000, número que saltou para 5.898 em 2010, ou seja, 1.257 a mais vivendo na cidade. O Estado do Amazonas, apesar de ser o campeão no número de habitantes indígenas, verificou um declínio dos mais significativos entre aqueles que preferiam áreas urbanas. O número de índios que moravam em Manaus, que até 2000 eram 7.894 índios, caiu para 4.040 em 2010. Essa queda representa 3.854 indígenas a menos vivendo na capital amazonense. Desde 1940 o Dia do Índio é comemorado nesta data Todo mundo sabe ou em algum momento da sua vida já ouviu dizer que 19 de abril é o Dia do Índio. Mas, quem sabe o motivo dessa data ser comemorada no dia de hoje? A razão é para lembrar a data histórica de 1940, quando se deu o Primeiro Congresso Indigenista Interamericano. O evento quase fracassou nos dias de abertura, mas teve sucesso no dia 19, assim que as lideranças indígenas deixaram a desconfiança e o medo de lado e apareceram para discutir seus direitos, em um encontro marcante. Na data em homenagem aos primeiros habitantes do Brasil, uma série de estereótipos e preconceitos costuma invadir o pensamento, as matérias jornalísticas (tanto na televisão como em outros veículos de comunicação) e até as salas de aula. Por ocasião da data, é comum encontrar nas escolas comemorações com fantasias, crianças pintadas, música e atividades culturais. No entanto, especialistas questionam a maneira como algumas dessas práticas são conduzidas e afirmam que, além de reproduzir antigos preconceitos e estereótipos, não geram aprendizagem alguma. O Brasil tem cerca de 230 povos indígenas, que falam cerca de 180 línguas. Cada etnia tem sua identidade, rituais, modo de vestir e de se organizar. Somente em Mato Grosso, há 42 etnias identificadas, o que significa uma população superior a 28 mil indígenas. Número este que retrata a riqueza da diversidade cultural que o Estado possui. Diante disso fica claro o cuidado que é preciso ter em relação as matérias jornalísticas publicadas e as abordagens dos professores em salas aula. Outra coisa que talvez poucas pessoas saibam é que a Lei 11.645/08 inclui a cultura indígena no currículo escolar brasileiro. Então, por que não incluir no planejamento de História, de Língua Portuguesa e de Geografia discussões e atividades sobre a cultura indígena, ao longo do ano todo? Fica a pergunta no ar. De acordo com o coordenador da educação indígena da Secretaria de Estado de Educação, Félix Rondon Adugoenau, a temática é trabalhada em sala de aula, mas nem sempre do jeito que eles (os alunos) querem. “Os alunos indígenas têm uma forma de aprendizado diferenciada. Eles respeitam muito os anciões de suas etnias. E não tem como contratá-los para dar aula porque geralmente são acima de 60 anos, aí já esbarra na Lei Federal. Em Mato Grosso existem 67 salas de aulas - incluindo as anexas - específicas para a educação dos índios. Uma coisa é certa: o Dia do Índio não deve ser usado para mitificar a figura do indígena, com atividades que incluam vestir as crianças com cocares ou pintá-las. O interessante é fazer uma discussão sobre a diversidade da cultura indígena usando fotos, vídeos, música e a vasta literatura de contos. Outro ponto importante é não reproduzir preconceitos, principalmente em salas de aula. Infelizmente, é comum mostrar o indígena como um ser à parte da sociedade ocidental, que anda nu pela mata e vive da caça de animais selvagens. Os povos indígenas não vivem mais como em 1500. Hoje, muitos têm acesso à tecnologia, à universidade e a tudo o que a cidade proporciona. Nem por isso deixam de ser indígenas e de preservar a cultura e os costumes. “Ser índio não é estar nu ou pintado, não é algo que se veste. A cultura indígena faz parte da essência da pessoa. Não se deixa de ser índio por viver na sociedade contemporânea”, explica a antropóloga Majoí Gongora, do Instituto Socioambiental. Falas de maneira simplificada e a reprodução de maquetes ocas não são suficientes para retratar os povos indígenas. Aliás, “oca” é uma palavra tupi, que não se aplica a outros povos. O formato de cada habitação varia de acordo com a etnia e diz respeito ao seu modo de organização social. É interessante mostrar que podemos aprender muito com os povos indígenas. Em relação à sustentabilidade, por exemplo, como poderíamos aprender a nos sentir parte da terra e a cuidar melhor dela, tal como fazem e valorizam as sociedades indígenas. O termo índio foi uma denominação dada pelos conquistadores europeus aos habitantes de tempos imemoriais do território que compõe hoje o continente americano. Houve generalização do termo índio a todos os habitantes do território brasileiro. COMEMORAÇÕES Esta semana está repleta de atividades em Cuiabá por conta da data. O Museu de Pré História Casa Dom Aquino está sediando o 5º Encontro Indígena. A programação do evento conta com oficinas de pintura corporal, mesas redondas, palestras e apresentações de dança e canto indígenas durante toda esta semana. Participam do encontro as etnias Bororo, Bakairi, Xavante, Karajá e Kuikuro. REIVINDICAÇÕES A semana não é só de comemoração. Mais de 150 índios saíram de suas aldeias e estão em Cuiabá para o Encontro dos Povos Indígenas do Mato Grosso, que teve início na segunda-feira (16), na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), auditório da ADUFMAT. Os indígenas aproveitam a data para rechaçar publicamente o Projeto de Emenda Constitucional PEC 215, que versa sobre terras indígenas. As etnias se atentaram para o ataque constante às reservas dentro do Congresso Nacional promovido pelas bancadas ruralista e industrial. Conforme o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a PEC 215 seria talvez a mais ofensiva das mais de 15 peças que tramitam no Congresso, sempre no sentido de reduzir os limites das reservas, em nome do chamado progresso, do agronegócio, das monoculturas e da pecuária. Em nome também da industrialização que exige energia elétrica, que impõe a construção crescente de usinas hidrelétricas nos fluentes rios amazônicos e de outras regiões de Mato Grosso. A PEC 215 versa também sobre terras quilombolas e é por isso que mais de 150 remanescentes de escravos também vão sair de suas comunidades para juntar nessa luta.
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