Coordenado pela Universidade Estadual, projeto envolve órgãos públicos e sociedade civil em ações efetivas para divulgação e preservação dos casarões históricos da cidade que recebe o título de “Princesinha do Pantanal”.
A situação do patrimônio histórico e a viabilidade de implementação de projetos de preservação e aproveitamento do conjunto arquitetônico tombado são a pauta de discussão de um projeto que está sendo realizado em Cáceres a partir da mobilização coordenada pela Universidade Estadual de Mato Grosso, com a participação do Ministério Público Federal, da Administração Pública e de organizações da sociedade civil.
Cáceres teve o centro tombado pelo Instituto de Patrimônio Histório e Artistico Nacional (Iphan), além de contar com outros tombamentos de prédios isolados, por parte do Governo do Estado. Em Mato Grosso, apenas Cáceres e Cuiabá receberam até agora o tombamento de seu centro histórico, o que denota a importância do local e a necessidade de atenção por parte do poder público e da sociedade.
De acordo com o procurador da República Felipe Mascarelli, a ideia de envolver o Ministério Público Federal em Cáceres no projeto surgiu da preocupação com a preservação e a valorização do patrimônio histórico. “Apesar de não existir nenhum projeto amplo de valorização do patrimônio, percebi a existência de várias iniciativas isoladas que precisavam ser articuladas. Além disso, a população parece ter pouco conhecimento sobre a importância da história de Cáceres, refletindo na pouca valorização conferida ao conjunto material que sobreviveu ao tempo”, afirma o procurador da República.
Segundo Mascarelli, dois pilares alicerçam a ideia do projeto de valorização do patrimônio histórico: informação e envolvimento social. Coordenados, esses dois mecanismos tendem a ampliar a percepção que sociedade cacerense tem do seu patrimônio histórico, do quão grande é sua riqueza e importância histórica e cultural.
Uma das propostas centrais é a educação patrimonial promovida em escolas públicas de Cáceres, com pretensão de ampliar projeto já existente coordenado por docentes e acadêmicos da Unemat.
Uma das coordenadoras do projeto é a historiadora e professora Maria do Socorro Sousa Araújo, do Departamento de História da Unemat. Segundo ela, a proposta do projeto, que dentro da Unemat já reúne alunos e professores dos cursos de História, Direito, Letras e Geografia, é ampliar a discussão sobre a necessidade da preservação do nosso patrimônio para além dos limites da universidade, levando informação para a sociedade e educação patrimonial às escolas. “A medida que o cidadão passa a ter conhecimento que a história da cidade está registrada naquele espaço físico, abre-se oportunidade para que haja alguma identificação com essa realidade, aí abre-se a possibilidade para o cuidado”, explica a historiadora.
Voluntariado - O projeto é desenvolvido a partir de iniciativas e ações voluntárias para a aproximação dos mais diversos setores da comunidade cacerense, incluindo o empresariado local, que tem se mostrado disposto a discutir medidas de recuperação e aproveitamento da área histórica da cidade.
Um dos voluntários do projeto é o estudante de Direito da Unemat Pablo Gameiro. “Mais do que prédios, o conjunto arquitetônico de Cáceres representa um tempo, uma série de experiências vividas, uma série de vidas que não podem ser relegadas ao esquecimento, à deterioração. Parto do princípio de que a melhor forma de não esquecer é lembrar. Isso torna a vida mais bonita, mais cheia, dá sentido ao presente e nos ajuda a pensar em um futuro, é a valorização da nossa existência. Não são só prédios, são impressões que deixamos no mundo e que devemos e podemos preservar”, afirma o estudante.
No dia 7 de maio, às 19h, na Câmara Municipal, será realizada uma nova reunião de definição das iniciativas apresentadas no dia 15 de abril que serão colocadas em prática. A reunião está aberta à participação da sociedade.