Com a perda de pelo menos 80% da visão por desnutrição, uma jaguatirica que encontra-se no Batalhão da Polícia Ambiental, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, não poderá mais voltar à natureza. O animal, que hoje tem dois anos de idade, viveu os primeiros dias de vida em uma fazenda, em Cáceres, a 220 km da capital, onde não foi bem alimentado, o que acarretou sérios problemas de saúde. Agora, após a recuperação, ela aguarda ser adotada.
Quando foi resgatada, a jaguatirica estava quase morta, segundo o gerente de Fauna da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema), Ronoaldo Ferreira.
"Ela estava em uma fazenda e as pessoas que estavam com ela alegaram que a encontraram sozinha na mata, quando ainda era recém-nascida. Tentaram criá-la, mas não conseguiram e então procuraram a Polícia Ambiental e a entregaram", contou. Ela tinha pouco mais de um mês de vida quando chegou ao abrigo do Batalhão Ambiental e não conseguia andar de fraqueza.
Ela sobreviveu e após esse período de reabilitação com acompanhamento de veterinários, a jaguatirica foi colocada à adoção. Conforme o responsável pelo Batalhão, o animal não tem nenhuma condição de ser solto em uma região de mata, pois não conseguiria sobreviver por causa da deficiência. "Ela só enxerga vultos, pois, segundo o oftalmologista só tem 20% da visão", pontuou Ferreira.
Apesar de ser um animal dócil por ter crescido na companhia de adultos, a jaguatirica macho fica presa em uma área com tela. Ela não ataca, mas, nas brincadeiras, solta as garras e pode machucar. Por causa disso, a exigência é que quem a adotar continue a deixando em um local fechado, mas com vistas para a parte exterior. Não é exigido que o animal fique na zona rural.
Qualquer pessoa pode adotá-la, desde que tenha um espaço grande, apropriado e condições financeiras para alimentá-la e levá-la ao veterinário quando necessário. O mamífero come aproximadamente 600 gramas de carne por dia, além de animais vivos, como ratos, por exemplo, como explicou o sargento. a das exigências para quem adotá-la é não permitir que ele tenha relações com outro animal a fim de reprodução.
Durante o período em que ela estiver sob a guarda, equipes da Polícia Ambiental irá monitorar para verificar as condições previstas no termo de guarda, documento que o futuro responsável deverá assinar, estão sendo devidamente cumpridas. Para evitar maus tratos, esse termo é renovado anualmente.
Os animais que passam pelo batalhão recebem um microchip e as aves, anilhas. Além dessa jaguatirica, outros animais, entre eles um bugio, que foi apreendido após não ser aceito pelo grupo com o qual convivia, também aguardam adoção. Ao todo, 30 animais estão disponíveis para ser adotados por não terem mais condições de viver na floresta.