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És imortal, Olga: uma viagem até a AML
Por por Guilherme Vargas
09/06/2015 - 17:25

Foto: arquivo

“Cresce-lhe o orgulho na razão da extensão e importância das viagens empreendidas; e seu maior gosto cifra-se em enumerar as correntes caudais que transpôs, os ribeirões que batizou, as serras que transmontou e os pantanais que afoitamente cortou, quando não levou dias e dias a rodeá-los com rara paciência”. Inocência. Taunay, p. 7

 

Desde a época dos relatos do Visconde de Taunay perceber Mato Grosso nos forma uma imagem de longínquo, de exuberante, de belo, mesmo para nós que aqui estamos. Relatava Taunay como sujeito de fora, e hoje, nos cabe perceber como os sujeitos de dentro constrói Mato Grosso e como projeta essa imagem para fora. Nesse percurso, a viagem é muito mais importante e extensa, portanto, o orgulho ha de ser muito maior do que os das próprias viagem de Taunay, há sim! Passamos a perceber Mato Grosso por nós mesmos.

O olhar de dentro aflora e contrasta com o Mato Grosso dos sonhos de Pascal Moreira Cabral, cuja importância estava no ouro, no indígena, ambos explorados por colonizadores. Esse olhar de dentro emoldura e ressignifica a tela romantizada dos celebres de outros tempos e de outras épocas. Hoje produzimos nossos próprios célebres intelectuais e estes são fundadores de uma identidade própria da cultura mato-grossense. A identidade cultural mato-grossense caminha para viagens mais importantes, de transposição das sinuosidades do caminho para seu estabelecimento como cultura de conhecimento.

Hoje vemos Olga Maria Castrillon Mendes encher-nos de orgulho ao tomar posse da Cadeira 15 da Academia Mato-grossense de Letras. É um momento carregado de emoções porque se trata de uma cerimônia de laureamento que trás consigo o significado da construção fundamental que nos permite nos identificar como Pantaneiros, como Mato-grossenses. Essa viagem começa com a busca do conhecimento, em tempos em que estudar era um obstáculo tortuoso a ser transposto.

Chegar ao Ensino Superior representava quase um luxo ou uma vaidade, mas foi uma atitude fundamental para que houvesse futuro. Olga Maria compõe um grupo que se dedicou a formar professores e a qualificar pessoas que viriam a se tornar profissionais primordiais para o desenvolvimento social e econômico do estado. Foi esse grupo que deu início a este Mato Grosso que se aproprio do Ensino Superior.

Esses intelectuais atualmente desenham um novo momento: Mato Grosso que produz conhecimento originário daqui. São pesquisadores que formam outros, que desenvolve estudos em nível de mestrado e doutoramento e estão firmados em nosso estado; trata-se de uma ciência mato-grossense. A através deles que se desenha a identidade do mato-grossense da contemporaneidade.

As especificidades da professora Olga em relação a esse grupo se faz pela beleza com que se construiu como referência. São muitos fatos e vivências ricas de simbolismo. Fatos que outrora pareciam corriqueiros acabaram tomando a proporção da grandeza das águas deste lado oeste do Brasil. Vi recentemente a arte em tela que a mostra entre os dirigentes máximos da UNEMAT, e está lá para ser vista, para ser admirada com muita deferência porque lá estão os audazes que ousaram fundar e administra uma instituição de ensino superior no interior de Mato Grosso.

Cabe ainda dizer que encontrar a professora Olga pelas ruas de Cáceres e pelos corredores da UNEMAT é habitual, mas se torna um momento sublime, por estar diante de uma dama de gestos elegantes, que nos dá a certeza de estar diante da dona daquele espaço, não da proprietária, mas de uma senhora de espaços que a pertence por honra. Cabe mencionar o apreço pelo Instituto Histórico e Geográfico de Cáceres, que preside e mantém com determinação, mesmo diante dos desafios postos.

Professora da graduação e da pós-graduação, extensionista dos novos talentos, pesquisadora com destaque sobre as viagens de Taunay, gestora de instituições memoráveis e personalidade que desenvolve inúmeras e importantíssimas funções. Não seria diferente para quem tantas conquistas batalhou em benefício de muitos... Parte de Cáceres, carregando o Pantanal como referência das colossais águas e das palavras cantadas. Carrega consigo os adornos acadêmico-universitários que lhe confere douto saber. Soergue a memória de Natalino Ferreira Mendes, pois é também estrela de igual porte.

Hoje, Mato Grosso olha para ti e rende-lhe as palmas em reconhecimento a importância de tudo que construiu. Para sempre, o sucesso de cada daqueles beneficiados por suas ações renderá mérito a seu nome. Quando pudermos observar sua literatura e os registros de sua vida, abstrairemos uma identidade mato-grossense condizente com os novos tempos, cujas portas foram abertas por ti. Em um novo quadro sobre a representação mato-grossense, nela, Olga Maria está retratada ente livros lidos, altiva, cercada de pessoas. Relendo acima o recorte do texto de Taunay, mantendo as mesmas palavras, mas conhecendo o legado de Olga Maria, se produz outro sentido... Assim se estabelece que a intensidade e intencionalidade da viagem muda a percepção da paisagem.

Compartilhamos hoje seu sorriso, sua felicidade e nos pomos contempladores deste momento iluminado. Toca-nos o coração, percorre as lembranças e expande-se ao mundo a felicidade de anunciar: Olga Maria Castrillon Mendes é imortal!

 

 


fonte: por Guilherme Vargas, para o DIARIO DE CACERES

 

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