Secretário de Saúde, Roger Pereira afirmou que vai explicar a situação em "nota oficial"
Um grupo de médicos que presta serviços nas unidades de saúde em Cáceres, principalmente no Pronto Atendimento Médico (PAM) recebe, além do salário, verba indenizatória que chega a R$ 35 mil mensal.
O valor é maior do que o salário do prefeito de R$ 15 mil. Curioso é que, apesar de comprovada, a verba indenizatória não aparece no Portal de Transparência da Prefeitura. No portal aparece apenas os valores dos salários. No caso do médico que recebe R$ 35 mil o salário mensal que aparece é de R$ 2 mil.
Há ainda os que recebem salário de até R$ 12 mil para “tirar” apenas quatro plantões mensais, o equivalente a R$ 3 mil por quatro horas trabalhadas. Procurado pela reportagem o prefeito Francis Maris Cruz disse não ter conhecimento da situação. Adiantou, no entanto, que se houver “distorção” terá que ser corrigida. No mesmo instante ele entrou em contato com a Secretaria de Saúde, determinando à assessora Patrícia Botelho dos Anjos, da empresa Excelência Consultoria, para que prestasse todos os esclarecimentos necessários ao caso.
No momento, a assessora assegurou ao prefeito que, no mesmo dia (segunda-feira), entraria em contato para fornecer as informações e dirimir possíveis dúvidas. Após a viagem do prefeito, a assessora mudou de ideia. No final da quarta-feira, após insistentes ligações da reportagem, Patrícia atendeu afirmando que a secretaria havia tomado a decisão de não dar maiores explicações e que, havia decidido – ela e o secretário – que só se manifestaria através de uma “Nota Oficial” após a veiculação da matéria.
A descoberta de pagamentos exorbitantes de verba indenizatória à médicos privilegiados e a intenção de esconder o verdadeiro valor pago aos profissionais – inserindo apenas o valor do salário no Portal Transparência -, reforça a denúncia do vereador Felix Alvares sobre inúmeras possíveis irregularidades na Secretaria de Saúde.
Há pouco mais de um mês, o vereador que também é médico, denunciou a farra com o dinheiro público na Secretaria de Saúde, se referindo a existência de profissionais que recebem por 40 horas semanais, mas que na verdade, só trabalham quatro; outros que constantemente faltam nos postos onde estão lotados e, até alguns, verdadeiros fantasmas, que recebem, sem sequer aparecer nas unidades de saúde.
Felix Alvares apresentou udocumentos que, segundo ele, comprovaria as irregularidades. Vários médicos, pediatras principalmente, são lotados em algumas unidades de saúde. Porém, as informações obtidas nos postos, são de que não tem profissionais dessa especialidade.
Apresentou também o caso de um médico lotado na secretaria, desde 2002, recebendo o salário integral e que não comparece ao trabalho (não se tem notícia de agendamento de qualquer paciente para este médico ou mesmo relato de atendimentos pelo mesmo em qualquer unidade de saúde em Cáceres), mas recebe o salário, normalmente, como se o fizera. É o médico fantasma. Consta ainda nos documentos, conforme o vereador, que todos assinam a folha de ponto como se cumprissem toda a carga horária pelas quais são pagos.
Na época, procurado pela reportagem o secretário não desmentiu. Em “Nota Oficial” distribuída à imprensa, disse apenas que, vereador que também é médico teria feito a denúncia por vingança porque ele teria sido demitido da prefeitura.