Agentes prisionais de Mato Grosso podem entrar em greve
Por Midianews
22/08/2012 - 08:19
O Sindspen (Sindicato dos Servidores Penitenciários do Estado de Mato Grosso) lançou um indicativo de greve, na última sexta-feira (17).
Entre as reclamações da categoria estão a falta de segurança nas unidades prisionais e o pequeno efetivo, fatores que, segundo o sindicato, facilitam situações delicadas e graves, como a explosão do muro da PCE (Penitenciária Central do Estado), que levou terror à população, com a fuga em massa de, pelo menos, 39 presos de alta periculosidade, na madrugada de segunda-feira (20).
O presidente do Sindispen, João Batista, disse ao MidiaNews que o clima dentro da PCE é de constante tensão, devido ao efetivo reduzido de agentes penitenciários, que cuidam de 1.918 presos.
O agente alegou que são necessários, pelo menos, 40 agentes para fazer um trabalho com segurança e que respeite os direitos constitucionais dos presos.
“Estamos trabalhando com um número três vezes menor do que o necessário. Temos de 10 a 12 agentes por turnos, deveríamos ter, no mínimo, 40. Essa situação oferece risco aos profissionais, e também fere direitos constitucionais dos presos, que acabam sendo negligenciados. O sistema, desse jeito, não recupera ninguém”, disse o sindicalista.
João Batista ressaltou que a fuga audaciosa, ocorrida ontem, já era prevista. “Essa fuga já era prevista, avisamos à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos sobre ações desse tipo. A PCE abriga presos de alta periculosidade, que recebem apoio de grupos fortes. A ação desta segunda-feira mostra que os bandidos não estão para brincadeira. O medo dos agentes é real, temos medo que ações desse tipo o virem rotina”, afirmou João Baista.
Reivindicações
Além da cobrança pelo aumento do efetivo dos agentes penitenciários, o Sindspen cobra o pagamento do adicional de insalubridade, regulamentação da categoria como nível superior, implantação da Escola Penitenciária e reposição salarial.
“Desde 2010, o Estado deve pagar o adicional de insalubridade para a categoria, mas não paga. Foi acordado que seria pago a partir de junho de 2012, e isso não aconteceu. Precisamos de uma escola penitenciária. Está claro que, para enfrentar presos que agem com tamanha violência e com ações orquestradas, é necessário muito preparo. A escola é prioridade”, argumentou o sindicalista.
A greve deve ser decidida na próxima quinta-feira (23), após uma reunião com a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.
Terror na PCE
Segundo informações da Sejudh (Secretaria de Justiça e Segurança Pública), uma quadrilha fortemente armada explodiu parte do muro da PCE, na madrugada de segunda-feira (20), conforme MidiaNews antecipou.
Após a explosão, os presos que estava no raio três fugiram, utilizando carros e motos que os esperavam nas ruas próximas à PCE. Até o final da manhã, 13 fugitivos haviam sido recapturados.
Outro lado
A assessoria da Sejudh disse que está ciente do indicativo de greve e que mantém uma "boa relação" com os profissionais.