Os preços do feijão no Brasil devem permanecer em alta ao longo deste ano, frisa o técnico de planejamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), João Ruas. Com a redução de oferta também se confirmando para a terceira safra da leguminosa, devido ao baixo abastecimento de água que limitou a irrigação, altos custos e problemas com pragas e doenças, a tendência é de mercado ajustado até 2017.
Conforme explica Ruas, a cultura é perecível para haver controle de estoques, por isso, a produção é feita ‘da mão para boca’. "O feijão tem uma oscilação muito forte, por ser uma cultura de risco extremo", acrescenta.
Para a próxima safra o técnico da Conab considera muito prematuro afirmar que poderemos ter um incremento na produção. "Hoje o preço não é mais o fator dominante, o produtor avalia clima, custos entre outras coisas".
"Na primeira safra o feijão perdeu área para a soja e com os preços elevados acabou perdendo para o milho na segunda safra também", destaca o técnico.
Atualmente o Brasil produz três variedades: carioca, caupi e preto, sendo o último o único com possibilidade de estocagem.
"O feijão preto é possível fazer a armazenagem durante aproximadamente um ano e meio sem grandes problemas. Mas, o carioca deprecia muito rápido", afirma o técnico da Conab.
Ao longo dos anos o consumidor passou a ter preferência pelo grão mais claro que caracteriza um produto novo. Assim, o carioca - tipo mais consumido no país - quando armazenado acaba escurecendo e perdendo valor de consumo, sendo destinado à indústria de ração.
IBRAFE - Vilão da inflação, o feijão carioca já acumula alta de 89% entre janeiro e junho, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). E não há perspectiva de melhora no curto prazo.
De acordo com o presidente do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Eduardo Lüders, que nesta semana está em ?Foz do Iguaçu, no Oeste do estado, para o 2º Fórum Nacional do Feijão, a terceira safra da leguminosa, plantada e colhida entre julho, agosto e setembro, principalmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste do país, terá uma produtividade menor e não vai resolver o problema de desabastecimento do grão. “A gente só vai ter feijão suficiente em janeiro e fevereiro de 2017, para trazer os preços aos patamares normais. Até lá, eles vão continuar custando caro, algumas vezes menos, outras mais, mas caros”, afirma.
No último relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o órgão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reduziu a estimativa de área de 665,9 mil hectares para 577,5 mil ha. A produção estimada caiu 22,7% entre os relatórios, para 674,9 mil toneladas. Se confirmada, a quebra em relação à terceira safra do ciclo 2014/15 será de 20,6%, maior que as reduções da primeira safra (8,9%) e também da segunda (19,3%).