A ação que identifica e leva à prisão quadrilhas responsáveis por roubos, desvios de dinheiro público, homicídios e tráfico de drogas. O trabalho preventivo que impede práticas criminosa e salva vidas.
Em momentos como estes, estão presentes esforços dos profissionais que atuam nos setores de inteligência das forças de Segurança Pública de Mato Grosso. Um trabalho silencioso, desenvolvido nos bastidores, mas que é decisivo para o sucesso das missões nas ruas.
“O produto da Inteligência é produzir informações para preparar as ações policiais”, define o secretário adjunto de Inteligência, Gustavo Garcia.
Além da Secretaria de Estado de Segurança Pública, profissionais qualificados atuam em divisões de inteligência que operam na Polícia Militar, na Polícia Judiciária Civil, no Corpo de Bombeiros Militar e na Politec.
Antes de qualquer operação para desmantelar quadrilhas organizadas, cabe a eles fazer um amplo levantamento de informações e trocas de dados, para identificar nomes e analisar padrões de atuação.
A atuação integrada destes setores produz resultados diretos todos os dias. No recente episódio dos atentados ocorridos na região metropolitana e alguns municípios do interior, no mês de junho, a resposta rápida das forças se deveu a um minucioso trabalho de monitoramento.
Em menos de 12 horas, os mandantes dos ataques foram identificados dentro da Penitenciária Central do Estado e isolados.
“A PM e a PJC detinham conhecimento acerca das organizações criminosas que atuam no Estado. A resposta foi muito rápida porque houve um compartilhamento de informações, inclusive por parte da Sejudh, por meio do setor de inteligência do sistema prisional”, afirmou o secretário.
Outro caso emblemático foi a “Operação Sodoma”, que apura a suspeita de pagamentos de propina em contratos celebrados com o governo do Estado na gestão de 2010 a 2014. Os envolvidos respondem por crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
As investigações policiais que apontaram os nomes dos envolvidos no esquema de corrupção foram deflagradas pela Diretoria de Inteligência da Polícia Judiciária Civil, juntamente com a Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz).
“O serviço de inteligência para a realização da Operação Sodoma foi primordial. O laboratório de lavagem de dinheiro (LAB) da Defaz pediu quebras de sigilo bancário e, por meio de software específico, rastreou bens e detectou transações financeiras suspeitas”, afirmou o Diretor de Inteligência da PJC, Gerson Vinícius Pereira.
Dentro da adjunta de inteligência há o setor de análises criminais, que compila grande quantidade de dados e, a partir deles, produz índices sobre a ocorrência de crimes em Cuiabá, Várzea Grande e demais municípios do Estado. O órgão é responsável por fazer relatórios que ajudam a elaborar as políticas de segurança pública.
Polícia Militar
A Diretoria da Agência Central da Polícia Militar (Daci) atua para combater crimes de roubos, tráfico de drogas, além de auxiliar na apreensão de armas e prisões em flagrante. O setor conta com pouco mais de 60 agentes de inteligência distribuídos em 20 unidades no Estado.
Segundo o coordenador da Daci, major PM Waldiley Alencar Taques do Valle, o trabalho de inteligência permite que atuação ostensiva seja mais precisa.
“Repassamos informações sobre identidade de indivíduos, sobre crimes que estão em fase de planejamento e ainda identificamos a articulação de quadrilhas criminosas. Isso ajuda o policial que está no campo”, falou.
O major disse que o trabalho é “multidisciplinar”. “Atuamos em várias frentes, desde o furto de veículos até os mais casos complexos, como roubo a banco, tráfico de drogas, roubos de estabelecimentos comerciais e residências”, destacou.
Segundo ele, o segredo do trabalho é a atuação integrada em todas as esferas de governo. “Não se fala em inteligência sem uma rede de colaboradores, conexões com outras instituições, outros órgãos e outras unidades”.
Diretoria de Inteligência da PJC
O diretor de Inteligência da Polícia Judiciária Civil, Gerson Pereira, destacou que o foco do trabalho é produzir conhecimento e coletar dados que ajudem a esclarecer crimes. “Nossa atuação é mais repressiva, depois que acontece o crime”, explicou.
Ele ressaltou os resultados obtidos a partir do trabalho integrado com a PM. “A inteligência da Polícia Militar é excelente. Temos feito um trabalho de união e troca de dados. A tendência é unificar mais”.
Além da Diretoria de Inteligência, que abriga a central de informações, o Estado conta com 23 Núcleos de Inteligência (NI) onde atuam, ao todo, 53 profissionais em sete gerências. “São pessoas da carreira policial, que fazem um curso básico na própria academia, depois vão se especializando em determinadas áreas”, disse o diretor.
Politec
A Politec não possui um Núcleo desconcentrado de Inteligência, mas compõe o Sistema Integrado de Segurança Pública, o SISP, que reúne representantes das demais forças.
O papel da instituição é contribuir no monitoramento e tomada de decisões da cúpula de Segurança em relação às atribuições da Perícia Criminal e Identificação Técnica.
Seja no acesso à informações e pessoas, como em situações de crise, de operações integradas, no trabalho de identificação durante a realização de concursos públicos. A função é oferecer meios para pronta resposta nas situações em que envolvem a Politec.
Corpo de Bombeiros Militar
No âmbito de atuação do Corpo de Bombeiros Militar, a Coordenadoria Central de Inteligência (Caci), atua em ações para prever, prevenir e neutralizar riscos referentes a desastres naturais e de causa humana, calamidades, a ordem pública, a incolumidade das pessoas e do patrimônio.
O Corpo de Bombeiros opera em parceria com as Agências de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública, da Polícia Militar e da Polícia Judiciária Civil.
A atuação da corporação está definida na diretriz nacional de Inteligência.
Investimento
O governo de Mato Grosso reforçou o orçamento para da inteligência. De pouco mais de R$ 130 mil no orçamento da gestão anterior, o setor passou a contar com R$ 13 milhões para investimentos em 2016.
Dentro da dotação para o setor de Inteligência, está o repasse para a criação da Escola Superior de Inteligência de Mato Grosso (Esimat), que foi regulamentada em outubro de 2015.
Para o ano de 2017, a previsão orçamentária destinada à Esimat está estimada em R$ 1 milhão. Servidores que atuam no setor terão acesso a cursos e capacitações na área.
O secretário de Inteligência da Sesp, Gustavo Garcia, disse que o setor é o alicerce para as ações de segurança pública e por isso, necessita de constante qualificação. “Em 2017, todos os integrantes do sistema serão qualificados”, disse.