O morador de Mato Grosso acusado de estar planejando atos de terrorismo, Leonid El Kadri de Melo, entregou-se à Polícia Federal na cidade de Vila Bela da Santíssima Trindade, por volta das 18h de ontem (22). Natural da cidade de Campo Grande (MS), Leonid nasceu em setembro de 1983 e era morador da cidade de Campos de Júlio, em Mato Grosso. O nome de Leonid (Abu Khalled) apareceu entre os suspeitos de fazerem parte de um grupo ligado aos terroristas do Estado Islâmico. A ação para a prisão do grupo de brasileiros fez parte da “operação Hashtag” deflagrada na quinta-feira (21).
Conforme informações divulgadas na página de Leonid no Facebook, e também repassadas à Justiça de Mato Grosso, o jovem trabalhava como mecânico na Agropecuária Mocoró. À reportagem do DIÁRIO, a empresa confirmou que Leonid realmente trabalhou para a agropecuária, contudo, desde abril não faz mais parte dos quadros de funcionários.
Quanto à conduta de Leonid, a empresa afirmou que ele era um funcionário normal. Já quanto à localização de Leonid, amigos da rede social afirmaram que o mesmo estaria morando em Cuiabá. Na página de Leonid também é divulgado que o mesmo estuda Engenharia Mecânica na faculdade Anhanguera, estudou na Escola Evangélica Ivoti e é divorciado.
Leonid El Kadri já havia sido condenado a 18 anos e oito meses de prisão, em regime inicialmente fechado, por homicídio e roubos qualificados. Ele foi condenado por um crime que teve como comparsa Valdir Pereira da Rocha (Valdir Mahmoud), que também é investigado na operação da Polícia Federal.
No período em que Leonid ficou preso em regime semiaberto, enquanto cumpria pena por roubo, a defesa de El Kadri teve duas vezes o pedido de habeas corpus negado.
Segundo os autos do processo, após cumprir parte da pena imposta na Comarca de Araguaína, em Tocantins, Leonid fugiu do estabelecimento penal. Ele se apresentou depois, na Comarca de Vila Bela da Santíssima Trindade, em Mato Grosso, onde passou a cumprir a pena. Em 2014, ganhou o direito de terminar o cumprimento da pena em regime aberto. Para isso, deveria comparecer mensalmente em juízo para informar sobre as suas atividades. Mesmo assim, em várias datas, conforme citado no processo, o mesmo não compareceu em juízo.
Em 2015, a mãe de Leonid, a advogada Zaine El Kadri, que o defendia desde o início do processo, pediu o afastamento da causa do filho, cuja defesa passou a ser feita por uma advogada da Secretaria de Cidadania e Justiça do Estado de Tocantins. Já no último dia 18, a defesa de Leonid pediu o livramento condicional dele.
OPERAÇÃO ANTITERROR – Na quinta-feira (21), a Polícia Federal cumpriu as ordens de 10 prisões temporárias, duas conduções coercitivas e 19 buscas e apreensões, nos estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul.
O grupo é investigado pela execução de atos preparatórios para realização de atentados terroristas e outras ações criminosas. As investigações tiveram início em abril, com o acompanhamento de redes sociais pela Divisão Antiterrorismo da Polícia Federal - DAT.
Os envolvidos participavam de um grupo virtual denominado Defensores da Sharia e planejavam adquirir armamentos para cometer crimes no Brasil e até mesmo no exterior.
Quanto à possibilidade de Leonid estar entre os presos, a Polícia Federal não deu mais detalhes. A Polícia Federal afirmou que os presos foram levados para o presídio de segurança máxima de Campo Grande e que mais informações a respeito do assunto não podem ser fornecidas, para a segurança das investigações.
A reportagem tentou contato pelo telefone fornecido por Leonid à Justiça de Mato Grosso, mas as ligações iam para a caixa de mensagem. Também tentou contato com a mãe de Leonid, mas, até o fechamento desta edição, não obteve resposta.