Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Dói dizer adeus
Por por Clarice Navarro
14/08/2016 - 18:01

Foto: Ilustrativa

Cheguei  a Cáceres em janeiro de 1986. Em 1988, já como repórter do Diário de Cuiabá, onde trabalhei por 29 anos na sucursal de Cáceres, cobri as eleições municipais. Ao percorrer as ruas, tinha como resposta (das entrevistadas) que iriam votar “no moço bonito”. Os candidatos eram Walter Fidelis e Ninomya Miguel.

Um ano após, comecei a trabalhar como assessora de imprensa do moço bonito, que venceu as eleições.

Walter Fernandes Fidelis era um homem raro. Realmente bonito. Mas o tempo mostrou que a beleza interior era ainda maior. Ele não tinha arrogância. Sobrava-lhe paciência. Tinha ótimas “tiradas” como respostas e um jeito de administrar incomum para a época.

Além do gabinete, despachava em casa. Foram inúmeras as manhãs que lá passei trabalhando, conhecendo dia a dia uma família unida. Dona Mari, Geraldinho e Nestor. Elva cuidava (e cuida ainda) de todos.

Um dia eu estava tossindo muito, e dona Mari me serviu um leite quente com açúcar queimado e canela. Igualzinho ao que minha mãe fazia.

Dr. Walter construiu praças. Cidade Alta, Monte Verde. Jogou asfalto em cima dos bloquetes nas ruas centrais e esse asfalto lá permanece.

Como todos os prefeitos da época, enfrentou problemas com atraso nas folhas de pagamento. Quando deixou a prefeitura, sucedido por Antonio Fontes, até o último minuto lutou para honrar compromissos. Ai entra um fato curioso. Muitos, com medo, o abandonaram. Ficamos eu e Rinaldo Ortega (já falecido). E eu acabei “tesoureira”. Até o fim, onde o via, ele relembrava isso. “Menina corajosa”, dizia.

Quando Antonio Fontes assumiu, fui entrevistá-lo e ele estava assinando cheques. Com o senso de humor que também era “único”, ele me perguntou: quer assinar, Clarice? Você acabou tesoureira...Respondi de pronto: basta que o senhor me nomeie. Encerrada a conversa.

Walter Fernandes Fidelis era de Ibitinga, interior paulista, cidade próxima a Reginópolis, onde passei toda a minha infância e adolescência. Acho que nós, “caipiras” do interior, nos reconhecemos. Em sua casa, com sua família, sempre me senti acolhida.

Escrevo chorando, após postar no site a notícia de sua morte. Minha última missão como sua assessora. Que Deus conforte nossos corações.

 

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