Dona Maria Inês Zocolli tem 86 anos, é viúva, aposentada e mora há mais de 50 anos no mesmo endereço, rua general Osório, nº 576, no centro de Cáceres, cidade onde nasceu.
Hoje pela manhã reportagem do site Diário de Cáceres conversou com ela pelo telefone, para saber que destino terá o galo “Soldado”, que ela cria no seu quintal juntamente com seis galinhas. Durante a semana, ela foi notificada pela Vigilância Sanitária do município, para que num prazo de sete dias desse um destino ao galo, pois seu canto incomoda pessoas da vizinhança. Segundo os fiscais, houve uma denúncia anônima.
O assunto virou matéria, através d iniciativa de um filho da aposentada, e ganhou repercussão. Dona Maria se assustou tanto com a notificação como com a repercussão. “Sabe, filha, não gosto disso não. Moro aqui, eu e Deus, sempre com a presença dos meus filhos, que todos os dias vem várias vezes me ver. Crio as aves por gosto e porque limpam o quintal, matando inclusive os escorpiões que aparecem todos os anos em época de chuva. Agora quando eu ia imaginar que o canto do galo fosse incomodar assim? É uma coisa da natureza. Como os passarinhos...como os periquitos que agora vem aos bandos invadir o meu pé de manga. É tão bonito!”- diz ela. Uma senhora doce, simples, agradável.
Mas que não quer confusão. “Ele é um galo que já ia virar vatapá, eu já havia decidido isso, pois eu tenho um outro galinho novo, e nunca crio mais que um. São sempre seis galinhas e um galo. Sempre criei. E não quero essa confusão não. Minha criação aqui me protege dos escorpiões e acho que protege a vizinhança também. Só que se o galo deu tanta conversa, o vatapá vai ser feito mais rápido, assim que minha filha, que está viajando, chegar”.
Dona Maria não criticou ninguém e garantiu que o destino do galo já estava traçado. E disse que vai continuar criando as galinhas e o galinho, o “Soldadinho”. E quando ele começar a cantar? “Aí não sei, minha filha. Será que tem um jeito de fazer ele não cantar? Hoje mesmo esperei o Soldado cantar. Eu acordo e sei que é hora de levantar para ir à missa”.
Um dos filhos de dona Maria, o empresário José Alfredo Zocolli, também conversou com a reportagem. Segundo ele, a decisão da mãe será respeitada, mesmo porque havia sido tomada anteriormente. “Ela vai continuar criando suas galinhas e o galinho. O que vir no futuro, aí decidiremos. Mas respaldados judicialmente, pois filhos e netos estão todos buscando se aprofundar no assunto. Ela se assustou quando atendeu os fiscais. Jamais esperava isso. Soldado é um galo de raça, mas já temos outro da linhagem. Eu poderia leva-lo para a chácara, só que ela tinha decidido que ele seria usado para o vatapá. E será como ela quer”.
O filho também evitou críticas, mas disse que realmente a repercussão do assunto surpreendeu a todos. “As opiniões emitidas pelos leitores falam por si” -concluiu.