O universitário Y., de 25 anos, sentiu o chão tremer quando soube que era portador do vírus HIV, há cerca de três anos. Ele conta que ficou alguns meses sem se tratar, mesmo tendo repetido o exame várias vezes, por não conseguir acreditar que estava infectado. Tal como Y., cerca de 372 mil brasileiros têm o HIV e não se tratam, seja porque não querem ou por não saber que estão infectados, segundo novos dados de 2016 divulgados ontem, quarta-feira, pelo Ministério da Saúde. Esse número corresponde a quase metade (45%) das pessoas que vivem com a doença no país (827 mil).
— Uma angústia me consumiu quando vi o resultado. No início, não consegui contar para a minha família por medo de ser rejeitado. Foi um dos piores sentimentos que tive na vida — comenta Y.
Como hoje é o comemorado o Dia Mundial de Luta contra a Aids será realizado, de hoje até domingo, o 18º Encontro Nacional de Pessoas Vivendo com HIV e Aids para conscientizar a população. Durante a abertura do evento acontecerá uma passeata com pessoas carregando três caixões, onde, simbolicamente será enterrado o preconceito sobre a doença.
De acordo com o patologista Bernad Kac, é possível levar uma vida normal:
— Portadores de HIV podem namorar, beijar na boca e ter relações sexuais como todo mundo. Mas não podem, em hipótese alguma, deixar de usar a camisinha.
Ainda segundo dados do Ministério da Saúde, de janeiro até outubro de 2016 foram registrados 34 mil novos casos de pessoas com HIV e aids que entraram em tratamento pelo SUS.
Queda nos casos de óbito pela doença
Apesar de alguns dados ainda serem alarmantes, a epidemia no Brasil é considerada pelo Ministério da Saúde estabilizada — a taxa caiu de 9,7 óbitos por 100 mil habitantes, em 1995, para 5,6 em 2015. Ou seja, houve uma queda de 42,3% na mortalidade em 20 anos.
Os principais fatores que influenciaram na redução dessas mortes causadas pela doença, ainda de acordo com o órgão, foi o incentivo ao diagnóstico e ao início precoce do tratamento, antes mesmo do surgimento dos primeiros sintomas do problema.
Já a transmissão do vírus de mãe para o filho (crianças com menos de 5 anos) foi reduzida em 36% nos últimos seis anos. No mesmo passo, os dados mostram que o número de pessoas infectadas e tratadas subiu 38%. De 355 mil, em 2013, para 489 mil pessoas atualmente.