Carteiros dos Correios entram em greve na próxima terça-feira
Por Hiper Notícias
08/09/2012 - 15:46
Mais de 1,5 mil funcionários dos Correios entre carteiros, atendentes e peradores de Triagem e Transbordo (OTT) de todo o Estado decidiram entrar em greve a partir da próxima terça-feira (11). Só em Cuiabá e Várzea Grande, aproximadamente 25 agências terão atividades de entrega paralisadas.
Definida em assembleia realizada na noite de quarta-feira (5), a greve foi decidida após rejeição da proposta apresentada pela direção dos Correios, em Brasília, no que concerne a reajuste salarial e ao impasse referente ao horário de trabalho dos carteiros, segundo Samuel Carvalho, secretário geral do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Correios, Telégrafos e Serviços Postais de Mato Grosso (Sintect).
Em negociação desde 20 de julho, a categoria de ecetistas reivindica, principalmente, reajuste salarial de 43,7% sobre o salário inicial que é de R$ 947 para o cargo de carteiro. Assim, o vencimento alcançaria aproximadamente R$ 1,3 mil.
No entanto, a proposta dos Correios assegura o pagamento de apenas 5,2%. “Já estamos negociando há bastante tempo. Mas não houve avanços. Esse valor está muito abaixo do que exigimos”, salienta.
Outra negociação em que não houve avanços foi à exigência de melhoria de condições de trabalho e a mudança dos horários das atividades dos carteiros.
Com altas temperaturas e baixa umidade do ar constante no Estado, os servidores realizaram um estudo para melhorar a produtividade dos carteiros e solicitaram que o horário das entregas fosse das 7h30 as 11h30 enquanto no período vespertino, realizariam serviços internos.
Atualmente, ocorre o contrário e as entregas são realizadas após as 15 horas. “Mesmo que seja depois das 15 horas, ainda está muito calor. Chega a ser desumano realizar a função de um carteiro. Além disso, se a entrega for feita de manhã, os clientes terão a tarde para os pagamentos das contas, por exemplo”, afirma Carvalho.
Entretanto, os Correios informaram que o horário das atividades é padronizado nacionalmente e que não se pode fazer alterações em uma região, inviabilizando, inclusive a lei aprovada em 2010 na Câmara Municipal que altera o horário de trabalho. Isso porque a lei é considerada inconstitucional, já que cabe apenas à União legislar sobre o assunto.
“O que estão fazendo com esses trabalhadores não é humano, aqui no nosso Estado faz muito calor e esses dias está ainda pior. Eu acredito que se os diretores dos Correios em Mato Grosso expusessem isso a Brasília não haveria intervenções. Todos sabem o quanto pode ser e é perigoso esse nosso horário de trabalho".
Inclusive, Samuel lembra que o Sintect formalizou uma denúncia no Ministério Público do Trabalho de Rondonópolis após um carteiro passar mal quando realizava as entregas na terça-feira (4), dia em que a umidade relativa chegou a 10%, índice classificado como estado de emergência, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), e semelhantes aos registrados nos deserto.
Além disso, investimentos em segurança nas agências dos Correios de todo o país, fim do Sistema de Avaliação de Produtividade (SAP) completam a pauta de reivindicações da categoria.
Com a greve que também acontece nacionalmente, somente 30% dos servidores permanecerão nas atividades de OTT, enquanto as entregas serão suspensas, e aproximadamente 600 mil correspondências diárias não chegarão ao seu destino. Isso porque cada carteiro entrega, em média, 400 cartas e encomendas diariamente.
“Se nada de novo acontecer, os ecetistas terão que ir para o enfrentamento, já que isto se torna inevitável, diante do desrespeito da empresa com os trabalhadores”, finaliza, lembrando que durante a greve estão previstas a realização de assembleias permanentes e até que se finde a greve.