A Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e entidades do setor produtivo rural estiveram reunidas na quarta-feira,17, para discutir o plano nacional da retirada da vacinação de febre aftosa em Mato Grosso. Os participantes avaliaram que existem pontos importantes que devem ser analisados antes da retirada definitiva da obrigatoriedade da vacina, para que o Estado passe ao status de ‘Livre da doença sem vacinação’.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) apresentou plano para retirada da vacina em todo o país e até 2023 o Brasil deve conquistar do status de zona livre da aftosa sem vacinação. Para Mato Grosso, detentor do maior rebanho do país, o prazo é 2021.
“O setor está reunido para fazer com que isso aconteça com maior segurança e com o mínimo de risco possível para a cadeia da carne. Ouvimos as entidades e chegamos à conclusão que alguns pontos devem ser analisados, como por exemplo, as fronteiras internacionais, quanto vai custar a vigilância nas fronteiras, avaliar quem vai arcar com as despesas e quais os órgãos estão aptos para isso”, argumentou o vice-presidente da Famato, Francisco Olavo Pugliesi de Castro.
Além dos problemas de fronteira, o setor tem a preocupação com o planejamento estratégico do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para a criação de um fundo nacional de emergência contra a febre aftosa, já que Mato Grosso tem um Fundo Emergencial de Sanidade Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa). Outra dúvida levantada foi em relação à gestão do fundo nacional, pois é necessário saber como e quem vai gerir o Fundo. “Temos aqui um Fundo de excelência, muito bem gerido, que faz muito pela sanidade animal no Estado e nós não gostaríamos de onerar ainda mais o produtor rural com mais um Fundo. Como já temos o nosso estadual, levantamos essa dúvida para o Mapa. Talvez nós não precisemos participar desse Fundo nacional ou criar uma nova taxa, onerando ainda mais a produção”, pontuou Castro.
De acordo com o plano estratégico do Mapa, os estados deverão manter um banco de vacinas para serem utilizadas em casos emergenciais. Mas as dúvidas dos pecuaristas são: Quem vai custear? Quem vai administrar e de que forma cada estado vai cooperar com o banco, uma vez que cada estado tem números distintos de produção? “Mato Grosso é o principal estado produtor de carne bovina do país e tem essa preocupação. A gente quer levar essa discussão ao Ministério da Agricultura. Em princípio a ideia é que cada estado tenha a sua participação no banco de vacinas proporcionalmente ao número do rebanho e Mato Grosso tem cerca de 30 milhões de cabeça. Nós queremos fazer um cálculo que nos aponte um banco que garanta segurança em caso de alguma emergência”, afirmou Castro.
A questão sanitária foi um ponto bastante debatido na reunião. Segundo o diretor técnico da Associação dos Criados de Gado de Mato Grosso (Acrimat), Francisco Manzi, para controlar e manter um estado livre da febre aftosa sem vacinação, deve haver um sistema de vigilância sanitária forte no estado. “Se nós queremos, não somente controlar a aftosa como outras doenças, temos de ter um sistema de vigilância sanitária forte. Por isso temos de sentar na mesma mesa com os órgãos de defesa animal, com o Mapa, governo estadual, setor agropecuário e produtores e conscientizá-los da importância da vigilância. O mais importante não é a vacina, mas sim a vigilância sanitária”, defendeu Manzi.
“Todos se preocupam com o alto risco que podemos correr com o surgimento de focos da aftosa, dada a complexidade no controle das nossas fronteiras e a vigilância no Estado. Podemos ficar vulneráveis e sujeitos ao risco de contaminação também por meio de outros veículos, como trânsito de pessoas ou animais silvestres, que podem comprometer o status sanitário, uma vez que sem a vacinação a defesa imunológica dos animais fica reduzida. E essa é uma preocupação presente nos suinocultores de Mato Grosso”, disse o diretor executivo da Associação de Criadores de Suínos de Mato Grosso Custódio Rodrigues de Castro Júnior.
O diretor da Famato, Antônio Carlos Carvalho de Sousa, defendeu o monitoramento sorológico como uma “arma” eficaz para que a doença não chegue aos rebanhos mato-grossenses. “Assim iremos garantir a imunidade, principalmente nas regiões de fronteiras”, apontou Sousa.
DELIBERAÇÕES – O assessor técnico da Assembleia Legislativa, Leôncio Pinheiro, sugeriu que as entidades se reúnam com os 16 deputados atuantes na Frente Parlamentar Agropecuária de Mato Grosso para discutir e conscientizá-los das questões sanitárias em Mato Grosso.
Ficou definido que o setor agropecuário vai se reunir nos próximos dias com o Fórum Agro MT, órgãos estaduais, legislativo e executivo e apresentar os principais anseios da cadeia de carne em relação à retirada da vacina, no dia 29 de maio.