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MPE em Cáceres orienta mulheres vítimas de violência obstrética que procurem Delegacia da Mulher
Por Diário de Cáceres/Clarice Navarro
08/06/2017 - 16:32

Foto: arquivo

Após denúncia de um casal que perdeu a filha, dezenas de mulheres fizeram relatos em rede social

 

 

 

 

A denúncia protocolada junto ao Ministério Público Estadual em Cáceres, contra o médico obstetra Jarbes Balieiro Damasceno, foi recebida pela promotora de Justiça Ana Luíza Barbosa da Cunha, da 1ª Promotoria Criminal, e o inquérito está em andamento. De acordo com informações prestadas pela assessoria, o MP acionou as promotorias cíveis nas áreas de saúde e improbidade administrativa, para que também investiguem o caso. Outra medida tomada foi o encaminhamento de ofício à Delegacia Especializada em Defesa e Direito da Mulher, para a urgência na instauração de inquérito.

Segundo o delegado Alex de Souza Cuyabano, isso foi feito assim que a denúncia foi registrada. O inquérito está em fase inicial, e as diligências sendo feitas. O médico denunciado será intimado no momento propício.

A assessoria confirmou que já existe uma denúncia contra o mesmo médico, protocolada em janeiro último, e além da denúncia dessa semana, uma outra em andamento. Com a repercussão do caso e as manifestações em redes sociais, com muitas mulheres expondo que passaram por situações que caracterizam violência obstétrica, o MP orienta para que as mulheres que quiserem denunciar, procurem a Delegacia da Mulher, onde o boletim de ocorrência deve ser registrado, para que o inquérito seja instaurado.

Após a veiculação do caso na imprensa, uma estudante de Cáceres postou na rede social um relato detalhado da violência que sofreu quando foi ter seu bebê, com o mesmo médico. E dezenas de outras mulheres declararam ter sofrido violência, ao comentarem a matéria.

 

Relembre o caso:

 

O  médico obstetra Jarbes Balieiro Damasceno, foi afastado de suas funções pelo Hospital São Luiz, em Cáceres, após denúncia de maus tratos a uma parturiente. O fato ocorreu no último dia 30, quando a dona de casa Rosa Maria Martins Pires, de 27 anos, deu entrada na unidade, já em trabalho de parto, para ter seu terceiro filho. Ela foi internada através do SUS-Sistema Único de Saúde.

Devido aos maus tratos, a criança, uma menina, precisou ser reanimada após nascer, e morreu no último domingo,5. A mãe teve hemorragia interna e corria risco de morrer. Segundo a direção do hospital, o quadro da mãe foi revertido, ela passou por uma cirurgia e sobreviveu. Na tarde de ontem,6, ela depôs na Delegacia Especializada em Defesa da Mulher.

O marido dela, Roni Willian Cuiabano do Couto, registrou ocorrência na Polícia Civil e fez denúncia junto ao Ministério Público Estadual.

O casal mora na localidade do Facão, a dez km de Cáceres. Uma irmã de Roni, Carmem Regina Cuiabano do Couto, contou que a cunhada entrou em trabalho de parto por volta de 9 horas do dia 30, passando por consulta com o médico. Às 15, fez exame de ultrassom. No exame foi constado que ela estava sem líquido amniótico- justamente o líquido responsável também por proteger o feto de movimentos bruscos. Ela teria que passar por uma cesariana, segundo indicou o médico radiologista. “Mas o obstetra disse que seria parto normal”- narra a cunhada. “Ela ficou tomando soro e sentindo dores até às 21 horas, quando a cabecinha do bebê “coroou”, já podendo ser vista”.

 

O ABSURDO:

 

Foi nesse horário que, segundo a denúncia, o médico empurrou a cabeça da criança de volta, porque uma enfermeira teria dito que o local não poderia ser sujo de sangue. Apenas duas horas após isso, as onze da noite, a parturiente foi encaminhada para o centro cirúrgico, onde teve a barriga pressionada por integrantes da equipe de obstetrícia para forçar o parto normal. Com a violência os pontos da cesárea feita para ele ter o filho anterior estouraram. Ela teve hemorragia interna e foi levada para a Unidade de Tratamento Intensivo. A menininha, que recebeu o nome de Vitória, também foi encaminhada para a UTI após ser reanimada, mas morreu no domingo. No boletim o marido narra que sua esposa sofreu também agressões verbais durante todo o processo. O obstetra Jarbes perguntava se ela queria que ele parisse no lugar dela, e que ela era muito “mole”.

O caso será investigado pela Polícia Civil. Extra-oficialmente a reportagem apurou que há imagens da violência sofrida pela mulher, flagradas por câmeras do hospital.

 

O HOSPITAL:

 

O diretor do Hospital São Luiz, Mario Kaoru, afirmou ao Diário de Cáceres que “infelizmente tudo levar a crer que a denúncia é verdadeira. É triste, é lastimável”-disse ele. O médico foi afastado, a equipe de obstetrícia que atendeu com ele teve o contrato de trabalho suspenso, uma sindicância foi aberta e o Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso será notificado. “Após as investigações da comissão de ética responsável pela sindicância vamos tomar as providências que forem cabíveis”.

O relato do ocorrido foi parar em grupos de  watshapp e na rede social, onde as pessoas não param de se manifestar em apoio à família e pedindo providências.

 

 

 

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