A investigação sobre o sequestro do piloto Rogério Lana Gomes, de 61 anos, e o roubo da aeronave do Sesc Pantanal, será encaminhada à Polícia Federal. O piloto foi ouvido na tarde desta segunda-feira (12) pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).
O depoimento durou cinco horas. O piloto chegou acompanhado dos filhos - Rogério Júnior e Pablo Gomes - e de uma advogada. Ninguém da família quis conversar com a imprensa.
Segundo o delegado da GCCO, Diogo Santana Souza, o piloto deu todos os detalhes de como o crime aconteceu, porém disse que as informações não podem ser divulgadas para não atrapalhar as investigações.
“A única coisa que eu posso falar é que ele deu todos os detalhes de como aconteceu e a gente está conversando com a Polícia Federal, porque eles vão assumir o caso, vão passar a conduzir as investigações”, disse.
O delegado confirmou que o avião chegou à Bolívia, por isso a PF vai assumir o caso.
“O crime teve contorno transnacional, quando ele tem resultado em outro País. O artigo 109 da Constituição estabelece atribuição para investigação da Polícia Federal”, explicou.
O piloto deve depor novamente nesta terça-feira (13), na Polícia Federal. O Sesc só irá se manifestar após esse depoimento.
O reencontro
Rogério Lana Gomes foi encontrado na manhã do sábado (10), quando entrou em contato com a família.
Segundo informações da Polícia Civil, ele afirmou que foi deixado em um matagal no interior de Rondônia. A região faz fronteira com a Bolívia.
Em seu perfil no Facebook, o filho do piloto, Rogério Júnior, postou uma foto do reencontro.
“Quero agradecer a todos os amigos que ajudaram em orações e vibrações positivas pra que tudo desse certo! É com muita felicidade que comunico que papai está de volta pra nossa família com saúde”, escreveu o filho.
Ainda não há informações sobre o paradeiro do avião.
Código de interferência ilícita
A assessoria de imprensa da Força Aérea Brasileira informou que o piloto acionou o código de interferência ilícita, que é utilizado em caso de perigo - como sequestros - e permite que a aeronave seja rastreada.
Após o código ser acionado pelo transponder, a Força Aérea iniciou a busca para descobrir qual avião teria realizado a ação. Assim que houve a descoberta, a FAB entrou em contato com o hangar onde o avião deveria estar.
Os funcionários não haviam notado ainda o sequestro do piloto, e, inclusive, tinham enviado um carro para buscá-lo. Foi somente depois do aviso da Força Aérea que as câmeras de segurança foram conferidas e o sequestro, percebido.
Com a confirmação, a FAB continuou rastreando o avião, que seguia sentido à Bolívia.
Porém o radar tem um limite de rastreio referente à altura. E quando o avião chegou próximo à fronteira, esse limite foi atingido.
A assessoria ainda frisou que o código de interferência ilícita é ensinado na formação dos pilotos para casos de sequestros, porém é preciso ter frieza para acioná-lo.
Segundo o filho do piloto, Rogério Junior, o pai tem mais de 40 anos de experiência.
O sequestro
O piloto chegava em Poconé, na quarta-feira (07), quando foi surpreendido e rendido por uma pessoa, logo após aterrissar. Em seguida, os bandidos alçaram voo.
A aeronave, de prefixo PR-ESC, foi roubada do aeródromo de Porto Cercado.
A pista em que aconteceu o sequestro fica dentro da área de reserva do Sesc Pantanal, a poucos quilômetros do Hotel Sesc Porto Cercado.
O Sesc Pantanal é uma iniciativa ambiental do Serviço Social do Comércio. Sua principal unidade é a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), com 107.996 hectares.