A Polícia Judiciária Civil de Cáceres (225 km a Oste) identificou a mãe do recém-nascido envolvido em um registro de ocorrência de abandono de incapaz na segunda-feira (15). No entanto, as investigações conduzidas pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher e 1ª Delegacia, ambas do município, apontaram para existência de falsa comunicação de crime e falso testemunho.
De acordo com a delegada Judá Maali Pinheiro Marcondes desde o início das investigações a Polícia Civil já suspeitava da inconsistência da versão do abandono do bebê, por existir contradições nos depoimentos do casal que teria encontrado a criança, em discordância com oitivas de outras testemunhas.
Após diligências e denúncias, que contaram com apoio da sociedade cacerense, a mãe do recém nascido foi encontrada na terça-feira (16), no bairro Jardim Universitário e ouvida na Delegacia.
Em depoimento, E.A.R, de 36 anos, afirmou que não se relacionava bem com o pai da criança, que ele a agredia, e que não queria contar sobre sua gravidez. "Ela omitiu essa informação dos familiares. Disse que por possuir outros cinco filhos (03 moram com ela) de relacionamentos anteriores, e estar desempregada, buscou outra família que poderia cuidar do seu fillho", explica a delegada.
Ela ressaltou que não abandonou o bebê, mas o entregou a conhecidos conforme já havia sido anteriormente acordado com o casal que pretendia adotar a criança.
Restou apurado que a mulher passou a noite anterior na residência do casal, e que o trabalho de parto evoluiu na madrugada, culminando com o nascimento da criança na cama dos denunciantes, que inclusive, ajudaram a retirar a placenta e cortar o cordão umbilical.
"Para justificar o aparecimento dessa criança no lar deles, os denunciantes inventaram que acharam a criança abandonada e registraram o boletim de ocorrência. O casal vai responder por falso testemunho, já que prestaram declarações na delegacia como testemunhas, e por falsa comunicação de crime", afirma.
A mãe da criança, segundo Judá, a princípio não cometeu crime. "Ela não abandonou a criança ao expô-la a riscos ou malefícios". Contudo, o caso segue em investigação pela Polícia Civil.
A guarda do bebê será decidida na esfera judicial.