Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Mulheres sem câncer de mama
Por por Guilherme Bezerra
04/10/2012 - 12:18

Foto: arquivo
O câncer de mama é uma das mais agressivas patologias humanas, não só pelo aspecto biológico, mas como uma entidade psico-social importante. A mama feminina é um órgão dinâmico, que se modifica ao longo do mês, embalada pelos hormônios sexuais, que regem o ciclo menstrual mensal. Como um roseiral com botões, a glândula mamária só se torna madura após a abertura das flores, o que só ocorre após uma gestação à termo, isto é, que chega ao final. Por isso o conceito de que engravidar e amamentar reduz o risco de desenvolver câncer no órgão. Por lógica, as estruturas mais frágeis, imaturas, são mais sensíveis às agressões que favorecem doenças. Portanto, se a mulher teve uma gestação que chegou ao final ou amamentou, ela terá uma mama mais madura, cheia de botões abertos, mais protegida e com menor chance de agressão. O que não a protege 100%, pois mesmo assim ainda terá botões imaturos num universo de rosas abertas. A mama na mulher é substrato da sua feminilidade, maternidade, vaidade, beleza e sexualidade. Enfim, suporta uma carga imensa no psiquismo e socialização, mais que qualquer órgão no ser humano. A idade reduz a agressão hormonal mensal, mas traz um processo de substituição de tecido mamário pelo adiposo, tornando o órgão flácido e com conflitos internos devido a esse processo biológico. A guerra travada pelos tipos de tecido em transformação é uma das causas, atualmente conhecidas, do aumento da incidência do câncer de mama a partir dos 40 anos de idade. Onde há conflito tecidual, ocorre fragilidade e o surgimento de um ambiente fértil para a transformação celular maligna. Pesquisadores em todo o mundo se debruçam na busca de dados que possam reduzir a incidência do câncer de mama, tornando-se a patologia humana mais estudada no momento. Por essa razão a medicina conseguiu reduzir a mortalidade, mesmo que a incidência tenha aumentado exponencialmente. O incremento do número dos casos novos se deve em especial pelo ganho na expectativa de vida das mulheres, que em todo o mundo supera ao dos homens e a redução nos óbitos pela divulgação da existência do problema, tornando as mulheres mais atentas e diagnosticando com precocidade, o que favorece a redução das complicações presentes em situações de doença avançada. Como sabemos, ninguém morre de câncer de mama pela mama, mas sim pelas complicações da doença em outros órgão mais nobres, sob o ponto de vista biológico. O nosso grupo de estudos tenta contribuir com a melhora na abordagem à doença, desenvolvendo uma pesquisa com cientistas de diversas nacionalidades, que utilizam uma observação clínica, feita por mim, aqui em Mato Grosso, de que as índias brasileiras não possuem essa doença. O que parecia ser impensável mostrou-se tecnicamente comprovado e análises de DNA dessa população revelaram um surpreendente achado. Sabemos que as células eucariontes (as que possuem núcleo), há milhões de anos atrás, estabeleceram uma parceria com algumas bactérias produtoras de energia e se agruparam numa simbiose, onde as primeiras oferecem condições satisfatórias de desenvolvimento com suprimento protéico, e as outras, em troca, produzem energia. Como toda produção de energia resulta em lixo tóxico, essas bactérias, chamadas mitocôndrias, possuem um mecanismo natural de eliminação dos resíduos. A esse processo denominamos antioxidação. As índias brasileiras possuem uma super-expressão de um gene responsável pela antioxidação celular, o que em síntese reduz agressões ao núcleo celular e a ocorrência de mutações responsáveis pela promoção inicial do câncer mamário. Encontra-se em andamento um estudo que propõe a inserção de novos hábitos alimentares que, espera-se, deverão reduzir a incidência da doença significativamente. No mês de outubro o mundo científico se movimenta em alerta contra a doença. As cidades se colorem de rosa para chamar a atenção para o problema, criando a sensação para as portadoras de que não estamos desatentos e vamos vencê-lo em breve. Por enquanto só podemos convencer as mulheres de não terem medo de desenvolverem câncer de mama, pois ainda esta é a nossa maior arma, não ter medo, pois dessa forma conseguem identificá-lo precocemente e eliminá-lo com segurança. Dr. Guilherme Bezerra de Castro Médico oncologista e mastologista em Cuiabá
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