Quero falar da importância da busca e preservação da saúde mental a partir da terapia, e a partir de vicências próprias. Eu não sabia dizer não. Quando alguém, especialmente um dos meus filhos, me pedia algo, eu travava uma batalha, interna e externa, para conseguir atender. Mesmo sabendo que eu estava errada e devia deixar que eles buscassem conseguir o que pediam. Se não conseguia atender, me sentia extremamente culpada. Vinha a depressão, me trancava em meu quarto e queria que o mundo acabasse.
Acabava saindo do casulo porque a vida exige.
Depois de mãe, virei avó, continuei assumindo tarefas que não mais cabiam a mim. Ainda assumo,mas hoje com menor intensidade. Foi difícil aceitar que eu estava doente, que a o corpo e a mente pediam descanso..
Até mesmo meus filhos começaram a se incomodar com a minha onipresença. Cheguei a um estágio que não esperava que pedissem, eu me antecipava.
Meu companheiro foi fundamental no meu processo de aceitação de ajuda profissioal.
Me sinto melhor. Mais encorajada.
Apesar de continuar com crises de ansiedade e pânico, comecei a "brigar" com elas. Ando conseguindo vitóras. Ando conseguindo dizer não quando vejo que o meu não pode ajudar mais que o meu sim.
O atendimento de profissionais -do psiquiatra e da terapia através de uma psicólaga (todo meu carinho e reconhecimento ao médico psiquiatra Miler Nunes Soares (Cuiabá) e à psicóloga Jucileide Oliveira (Cáceres), tem sido fundamental.
Quando vemos o quão preocupante é o índice da doença chamada depressão, penso que devemos alertar. Procure ajuda. Na saúde pública tem as unidades do Caps. Procure, fale, grite, se abra. Só não deixe essa dor engolir você.
por Clarice Helena Navarro, jornalista em Cáceres