A natureza do Pantanal em detalhes, arquitetura colonial, o cotidiano de cidades fronteiriças, céu estrelado e o rio iluminado pelo nascer e pôr do sol. Tudo emana luz e transborda cores, como uma pintura em tela, depois de congelado pelas lentes do fotógrafo cacerense Vitor Augusto Maia, 39.
As fotografias despertam curiosidade e encantamento; parecem até feitas digitalmente. Mas apesar do notável trabalho de tratamento das imagens, que destaca contraste e cor, Vitor garante que busca o resultado desde o primeiro olhar.
“Tento chegar perto do que imaginei na hora de fotografar. As vezes dou a sorte de um raio de luz aqui, um reflexo de farol ali, mas não adiciono elementos digitais”, explica o fotógrafo. Sobre o processo criativo que antecede o clique, ele afirma ser intuitivo. “É como se olhasse e já enxergasse o quadro”, resume.
O céu noturno foi o que fez com que Vitor começasse a se dedicar ao estudo da arte visual e digital. “Queria entender como eram possíveis aquelas fotografias incríveis sem o uso de photoshop”, lembra. Hoje, com apenas um tripé, uma câmera Nikon D3200 e uma lente 18-55mm, ele consegue capturar detalhes invisíveis ao cotidiano e até a olho nu.
Entre as características que marcam seu trabalho, Vitor destaca o uso da perspectiva, técnica que dá dimensão aos objetos fotografados. “Gosto da impressão de profundidade e sempre que posso procuro uma linha que transmita isso nas fotos”.
E para além das técnicas que exercita e a estrutura básica para fotografar, o resultado é efeito da intimidade que o fotógrafo faz questão de criar com o ambiente. “Não consigo pegar a câmera e sair fotografando, preciso me sentir à vontade”, ressalta.
A fotografia ainda não é uma fonte de renda para Vitor. Dela, ele conta que tira apenas uns trocados. E apesar de fotografar e entender o ofício como arte há oito anos, idade de sua filha, ele acredita que ainda precisa “percorrer um bom caminho”, já que “viver da fotografia exige muito profissionalismo e dedicação”, afirma.
Vitor diz que é um homem do lar, enquanto a companheira trabalha fora. Algo que possibilitou tempo para que ele se dedicasse à fotografia. “Tenho a sorte de poder me dedicar integralmente aos cuidados de minha filha e minha casa”, destaca. A prática começou com a nascimento de Isabela. “Comprei uma câmera para registrar seus momentos e passei a gostar do resultado”.
A cidade de Cáceres, onde nasceu e pela qual se apaixonou, é outra importante inspiração para o fotógrafo. “Crescer no meio do Pantanal cercado por lindos casarões coloniais aperfeiçoa o olhar. Quem já viu o pôr do no cais da Praça Barão do Rio Branco entende o que estou falando”, afirma.
Vitor morou durante oito anos em Guajará-Mirim (RO), cidade que também faz fronteira com a Bolívia e está muito presente em seus registros. O município sedia o FestinAçu, festival cultural além-fronteiras, onde ele teve uma de suas principais experiências profissionais com a oportunidade de uma exposição.
“Foi uma experiência muito interessante ver a reação das pessoas. As macrofotografias e as fotografias do céu noturno despertavam dúvidas sobre 'montagens', relata Vitor.
Atualmente, ele reside em Ouro Preto do Oeste (RO), mas visita Cáceres com frequência para ver a mãe. De lá, sempre "dá uma esticadinha" para outro destino. Cidades de estados como Bahia, Rondônia, Goiás, Rio Grande do Sul e Mato Grosso estão registradas em seu Instagram.
Em suas andanças, a fotografia é, para Vitor, uma forma eficaz de expressar o que observa. “Não saberia compor uma canção ou escrever um poema para exteriorizar as sensações que tento captar do mundo. Tenho dificuldades para falar sobre o que vejo. A fotografia me presta esse favor".