O dia 22 de maio, uma sexta-feira pela manhã, vai ficar marcado na vida dos amigos pescadores Dorival Gonçalves e Sidnei Hayashida. Eles fisgaram nas proximidades da conhecida Baia da Palha, próximo a cidade de Cáceres-MT, um dos maiores, senão o maior, peixe de escamas das águas do rio Paraguai.
Trata-se de um tambacu/tambaqui que após limpo, pesou 22 quilos e 1 metro de comprimento. Os pescadores utilizaram linha seda 3.0, anzol super Strong 4330, tamanho 12/0 e a isca de pacupeva.
Segundo Sidnei, que é pescador por hobby, foi uma mistura de susto e emoção ao ver o tamanho do peixe ao retirá-lo das águas. “Levamos aproximadamente 40 minutos para colocar o peixe dentro do barco e não tínhamos a noção do peso total desse bitelo”, disse emocionado.
Já Dorival, paulista de nascimento, mas há alguns anos que reside na região sudoeste de Mato Grosso, chegou em Cáceres em 2006 para trabalhar na Serraria Cáceres, fato que acabou não acontecendo e o fez partir para a pescaria, se tornando pescador profissional. Segundo ele, a pesca é o seu ganha pão para sustento da família e pesca todos os dias, exceto nos finais de semana.
Acostumado a pescar pacu, pacupeva, peraputanga e piavussu, que são as espécies de sua preferência, confessou que tremeu as pernas ao pegar um peixe fora do comum. “Foi o maior peixe dessa espécie que peguei na minha vida. Me deu até tremedeira nas pernas”, disse Dorival todo feliz.
A princípio, ambos acreditavam ser um pacu. Logo o peixe chamou atenção pelo tamanho, e foram inúmeros os comentários: será pacu, ou tambaqui, ou tambacu, etc.
Para esclarecer dúvidas a respeito do espécime e definir realmente do que se tratava, a reportagem procurou o professor Dr. Claumir César Muniz, biólogo da Unemat.
Biólogo Claumir Muniz e os pescadores Sidnei Hayashida e Dorival Gonçalves
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Após verificação do exemplar que já se encontrava no freezer de um dos pescadores, o professor chegou à conclusão que se tratava de um tambacu ou tambaqui. Eles se assemelham ao pacu. “O pacu e o tambaqui são da mesma família; porém um é comum na bacia amazônica, no caso o tambaqui, e o pacu é do Pantanal, da Bacia do Prata. O cruzamento desses dois resulta no híbrido tambacu”.
Também o professor explica que os opérculos (placas ósseas localizadas nos lados da cabeça), no pacu é mais arredondada e nos outros dois peixes citados são pontiagudas, o que resulta na composição estrutural própria entre as espécies. Outra diferença as nadadeiras raiadas, dessas espécies citadas. Assim ele descarta a possibilidade do peixe capturado ser um pacu. “Não é comum você capturar um pacu de vinte quilos em nossos rios”.
O biólogo vai encaminhar uma amostra à Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), para análise do ponto de vista genético (DNA). Finalmente então se saberá se o “peixão” fisgado pelos amigos Dourival e Sidnei é tambaqui ou tambacu.
Ao concluir, a presença tanto do tambaqui como do tambacu nos rios do Pantanal não é benéfica para o pacu, pois ambos podem comprometer essa espécie.
O que estaria fazendo por essas bandas esse tambaqui/tambacu? Como vieram parar nas águas do Paraguai?
Biólogo Claumir Muniz observando detalhes do peixe sendo acompanhado pelo pescador Sid
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