Trabalho é bênção
Por por Padre Jair Fante
27/04/2012 - 06:30
“O meu Pai trabalha sempre e eu também” (Jo 5,17). É assim que Jesus se refere ao trabalho, mostrando seu valor para o ser humano. O trabalho objetiva responder ao tripé: “necessidade – produção – consumo”.
A afirmação do apóstolo Paulo é mais contundente ainda: “quem não quer trabalhar também não coma” (II Tes. 3,10). O trabalho, portanto, é um grande bem e valor diante de Deus, porém, deve estar em um justo equilíbrio.
Sabemos que há pessoas viciadas em trabalho; o fazem noite e dia, domingos e feriados. Não têm tempo para a família, para os amigos e muito menos para a comunidade de fé a que pertencem. São verdadeiros escravos. Há pessoas, porém, que são muito ocupadas em nada fazer. Preguiçosos e descuidados vivem do “pão alheio”. Ambas as atitudes não são da vontade de Deus.
A ambição desmedida leva à escravidão enquanto que a preguiça leva à desonestidade por não cooperar com o bem comum e nem prover com o seu próprio sustento.
O melhor mesmo é encontrar o equilíbrio no dia a dia e organizar a vida de modo que se possa fazer cada coisa no seu devido tempo. E há tempo para tudo, para o trabalho, para a família, para os amigos e para Deus.
1˚ de maio é o dia em que comemoramos as conquistas dos trabalhadores. No final do século XVIII a Revolução Industrial espalhava-se pelo mundo, e nos Estados Unidos, se formou um grande movimento de operários.
Em 1886, cansados da falta de direitos e das condições desumanas de trabalho, os operários resolveram fazer uma paralisação geral reivindicando a diminuição da jornada diária de 13 para 8 horas de trabalho.
Nos conflitos daí oriundos vários trabalhadores foram mortos e outros tantos ficaram feridos.
Em decorrência deste triste fato, o Congresso Socialista, realizado em Paris em 1889, escolheu o 1˚ de maio como Dia Internacional do Trabalho. Graças à mobilização deste setor, podemos contar com várias conquistas nesse campo.
No Brasil, já no governo de Getúlio Vargas, o 1˚ de maio foi a data escolhida para se criar o salário mínimo (1940) e a Justiça do Trabalho (1941).
Muitas outras iniciativas já foram realizadas para melhorar a situação dos trabalhadores, por exemplo: a “campanha pela redução da jornada de trabalho”, campanha pela erradicação do trabalho escravo e o mutirão para a superação da miséria e da fome. Há também muitas iniciativas de economia popular solidária, multiplicando a oportunidade de trabalho e gerando novas rendas para as famílias.
Vemos então que quando se fala de trabalho não se deve pensa-lo apenas em âmbito individual, mas enquanto atividade coletiva, de toda sociedade humana, que se estrutura e se desenvolve graças à diversidade de atividades.
O trabalho deve estimular a criatividade e o desenvolvimento das potencialidades das pessoas, possibilitando construir uma nova sociedade.
Assim sendo, cada atividade deve ser considerada não só em si mesma, mas também em relação ao todo. Porque “a família humana, sobretudo devido ao aumento de múltiplos meios de comunicação entre as nações, vai-se descobrindo e organizando progressivamente como uma só comunidade espalhada pelo mundo inteiro” (Constituição Pastoral Gaudium et Spes, n. 33).
O trabalhador, portanto, é peça-chave na sociedade, e sua contribuição é essencial para que o mundo caminhe para o progresso. Por isso é que todo e qualquer tipo de trabalho deve ser visto como caminho para uma vida melhor e receber nossa mais sincera admiração e respeito.
*Pe. Jair é secretário-geral da Diocese de Cáceres