Neste mês de agosto, até o dia 19, Cáceres tinha registrado 532 novos casos e 10 mortes por covid. Os casos não diminuíram ainda, de forma expressiva, apesar do município estar com a vacinação acelerada, inclusive para pessoas de 18 anos para mais, e já na expectativa de iniciar a campanha para adolescentes de 12 anos para mais.
Por que, então, não diminui? O que ocorre é o que se chama de falsa sensação de normalidade. Os vacinados acreditam estar imunizados, quando a realidade é que a vacina protege, sim, mas não impede a contaminação, que pode ocorrer de forma mais amena, dependendo de cada caso. Pessoas com comorbidades continuam precisando de cuidados redobrados, e as sem doenças pré-existentes, precisam se proteger normalmente. Em qualquer época de pandemia, com ou sem vacina, o uso de máscaras, o distanciamento, o uso de álcool gel, continuam como medidas fundamentais.
Em Cáceres, a ocupação dos leitos da enfermaria no Hospital Regional estava em 57% até esta sexta-feira(20) e continua a lotação máxima nos leitos da UTI no Hospital Regional.
A falsa normalidade
O álcool em gel deixa de ser usado na mesma frequência, a máscara começa a atrapalhar para falar ao telefone, além de ser mexida na hora de fazer um lanche ou de tomar um cafezinho.
As regras de compartilhamento de locais públicos ou uso coletivo perdem o rigor do início, a higienização constante do ambiente passa a não ser feita na mesma intensidade, as mãos distraidamente coçam o nariz ou os olhos. O resultado de tudo isso é o aumento dos riscos de contágio.
Diante da tendência geral de relaxamento, a professora de administração Nayara Cardoso, da Faculdade Prebisteriana Mackenzie Rio, ressalta a importância de campanhas de conscientização, de mudanças de comportamento que envolvem a saúde de todos.
Mesmo com com a adoção de medidas de segurança a saúde o vírus continua circulando e fazendo vítimas. Entre as razões figuram as aglomerações de pessoas provocadas pela flexibilização da economia e a irresponsabilidade de muitos.
De acordo com o psicólogo, escritor e especialista em Ansiedade e Síndrome do Pânico pela Universidade da Califórnia, Alexander Bez, a flexibilização e a criação de uma vacina contra a doença, aliada a ansiedade e o limite mental impostos pela quarentena fazem com que o cérebro crie uma falsa sensação de normalidade.
Segundo o psicólogo, o momento ainda é de reclusão, pois, ninguém está seguro contra a doença. O distanciamento, que precisa ser praticado de forma rigorosa e responsável, é positivo para conter a propagação do coronavírus, porém, as atitudes tomadas por formadores de opinião, que incentivam a população a ir para as ruas e o entendimento cerebral das pessoas já estressadas pelo isolamento acabam derrubando as orientações das autoridades em saúde não só no Brasil.
Além de todos os problemas causados pela pandemia, Alexander Bez, faz questão de frisar que não existe remédio com validação cientifica contra a doença. O perigo ainda não passou e a recomendação neste período de flexibilização da economia e das atividades sociais é o distanciamento e uso correto dos equipamentos de segurança. A máscara por exemplo é para ser usada e se for o caso trocada várias vezes ao dia.
Cáceres ontem (21/8)
Uma passeata de estudantes (com escolta da Polícia Militar), bares cheios, com clientes sem máscaras, a informação sobre a realização de festas clandestinas, a aglomeração de pessoas nas areias do Daveron são algumas das informações recebidas pela redação do site Diário de Cáceres.
Não há como direcionar a culpa apenas às instituições, uma vez que as medidas de contenção impostas são infringidas a cada minuto. A responsabilidade é de cada um, responsabilidade essa de ter consciência do problema e empatia com todos. Muitos perderam entes queridos, e cada um sabe contar pelo menos um caso de um conhecido que morreu vitimado pelo vírus. Isso não basta?
Clarice Helena Navarro é jornalista em Cáceres