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Cacerense Rafael Jonnier faz das redes sociais a extensão de sua obra
Por Liz Brunetto
15/11/2021 - 16:41

Foto: Mídia News

Um dos principais talentos das artes plásticas de Mato Grosso, o cacerense Rafael Jonnier tem feito das redes sociais uma extensão de sua galeria, postando vídeos e fotos que brincam com as cores e os efeitos visuais.  
Com mais de 30 mil seguidores no Instagram, Jonnier tenta democratizar a arte e entrega para cada seguidor um pouquinho do seu trabalho e da história que está por trás dela.

“Antes das redes sociais, o artista ficava muito preso à galeria e aos marchands [agentes]. Isso dificultava o acesso. Hoje, com a internet, o artista tem livre acesso”, diz o artista. Desde o início, assinando as obras com o @ do seu perfil, Jonnier enxergava as redes sociais como uma potente ferramenta para fazer a sua arte chegar a mais pessoas.
 

Hoje, com fãs de todas as idades, ele não precisa que a pessoa seja moradora de Cuiabá ou esteja de passagem pela cidade para apreciar o seu trabalho.

Seus vídeos nos stories e até mesmo as publicações refletem bastante a inquietude de sua personalidade e a inspiração criativa de seu trabalho. 

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O começo 

 

Jonnier conta que vem de uma família de artistas, mesmo que, na época, eles não se intitulassem como tal.

“O primeiro grafite que vi foi de um tio, eu tinha seis anos. Naquela época, minha avó também pintava guardanapos”, relembra. 

Aos 14 anos, idade em que a maioria dos adolescentes não têm muitas certezas sobre o futuro, Jonnier já sabia exatamente o que queria: trabalhar com algo ligado à criatividade. 

“Eu me preocupava muito em como ajudar minha família e comecei a pesquisar faculdades e fazer cursos. O primeiro que fiz foi o Coreldraw, de artes digitais, foi onde expandi a minha cabeça”, conta.

Na sequência, ele trabalhou em empresas de comunicação visual, eventos, fez decorações entre outras coisas ligadas ao meio. Aos 19 anos, no entanto, decidiu sair de sua terra natal e vir para a Capital. “Cáceres ficou muito pequeno pra mim”. 

Foi nas ruas de Cuiabá, na 24 de Outubro, durante uma exposição, que Jonnier se descobriu artista plástico. “Eu pintei uma tela e uma cliente perguntou: ‘Você é artista plástico?’ E eu pensei e falei: ‘Sou!”’, relembra. Depois desse episódio, começou a pesquisar sobre o assunto e se encontrou.  

Na faculdade, enquanto cursava design de interiores, outro encontro o colocaria no caminho do grafite. Durante uma competição de luminárias, o jovem artista encontrou uma pessoa que estava perdida em busca de um designer.

“Ele tinha um restaurante mexicano, o antigo El Pancho. Fiz o design e consegui o meu primeiro projeto de grafite”, relembra. 

Para Jonnier, a faculdade aguçou a sua visão como profissional, tornando-o o artista que é hoje. 

Texturas, traços firmes e um contraste poético entre preto, branco e dourado marcam a “Minimal Religare”, nova exposição do artista plástico Rafael Jonnier, de 30 anos. As obras trabalham a tendência minimalista com uma mensagem poderosa: a reconexão com Deus. 

O cacerense ganhou fama com o seu grafite em cores vibrantes estampando os muros das ruas de Cuiabá. Com dez anos de carreira, agora suas obras têm um novo espaço físico e o artista usa as redes sociais como principal vitrine para o público. 

A atual exposição se difere das anteriores, especialmente pela paleta de cores. Jonnier explica que o intuito era imprimir a elegância e o gosto refinado da esposa e também sócia, Aline Herane Ziolkowski. Segundo o artista, um de seus compromissos desde o início da carreira era: "nunca ficar na zona de conforto, nunca ser o mesmo, mesmo tendo a mesma linguagem”.

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A nova galeria de Jonnier foi inaugurada há cinco meses, mas não é a primeira dele. A primeira foi lançada enquanto ainda estava na faculdade, dentro de uma república que dividia com os amigos. 

Já a segunda, ficou somente na promessa. Em um novo endereço, o artista montou o empreendimento. “Só que nunca lancei ela. Sempre falava,’o lançamento é mês que vem’, era até piada já”, disse rindo ao relembrar a história.

Foi nesse período que o artista começou a grafitar nos muros da cidade os personagens que o consagraram no cenário cultural de Mato Grosso. O primeiro deles foi o Pescador de Sonhos. Marcado por um bigode inconfundível, cores vibrantes e formas geométricas, a imagem se formou primeiro no inconsciente do artista que sonhou com a figura. 

Depois disso, vieram os demais personagens, a Princesinha do Rio, o cachorro deles, Adobe Dog, e o Espírito Santo. 

 

Um divisor de águas 

 

Há alguns anos, Jonnier passou por um período conturbado em sua carreira. Com princípio de depressão e produzindo apenas para pagar as contas, ele não enxergava o propósito do seu trabalho. 

A sua vida e consequentemente a sua arte, tiveram uma guinada após ele sofrer um acidente de carro em 2016. “Foi quando Deus falou comigo pela primeira vez, Ele disse: ‘Ou você vive os meus sonhos ou você vive os seus’, nesse momento entra o Divino Espírito Santo com esse formato geométrico”. 

A partir daí, o artista plástico passou a incrementar no seu trabalho mensagens ligadas a Deus de uma forma criativa. Muito além de um objeto decorativo, o intuito de Jonnier é que o seu trabalho conquiste as pessoas e as toque de alguma forma. 

Segundo ele, não só as coleções que produz contam uma história, mas cada uma das peças. Mesmo aquelas que a princípio não fazem sentido, em algum momento se encaixa perfeitamente ao todo, como se elas fizessem parte de um quebra-cabeças. 

Tamanho tem sido o sucesso do artista, que agora conta com colaboradores-aprendizes para o auxiliar com as demandas. O grupo está com ele há quase dois anos e, em breve, vai expor trabalhos autorais na galeria.

“Nós queremos e desejamos lançar eles para o mercado apresentando novos artistas”, completa.

 

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