O dedo no gatilho, ou tristezas na mão: e a vida na corda bamba. O quinto mandamento esquecido e jogado ao léu. Para justificar a criminalidade, alguns culpam a situação econômica do Brasil, referem-se de repente às poucas chances que os agressores sociais tiveram quando crianças para escapar da sina de se tornarem o que são. Enquanto a polícia e a justiça vão juntando provas contra os acusados, fica a pergunta: será mesmo que a criminalidade é consequência do ambiente social em que as pessoas vivem? Será que a depressão é apenas incapacidade de entender o que se passa a sua volta?
Cada pessoa realmente se consubstancia em um mundo particularizado. Mesmo assim, quando um jovem subverte esta lógica, quero crer ser possível e evidente, a ideia de não se descartar este fator social, e nem tampouco usá-lo como desculpa para ser condescendente com o praticante de um crime como o sequestro é uma maneira bastante canhestra de encobrir a realidade, ou seja, há pessoas que sabem comportar-se em uma sociedade e outras não. No último caso, só a segregação pode resolver o problema, tanto para elas como para os demais e com trabalho diário, não simplesmente ficarem guardados em uma casa penitenciária. Diante de certos crimes, você se pergunta: o agressor social não tem consciência do que fez? Como explicar alguém que mata os dois filhos, a mulher e se mata ao fim de tudo? Como explicar o suicídio para que uma outra pessoa tenha “remorso eterno” ? Na minha experiência de atuação direta com pessoas em todas as suas formas, lhes asseguro que tem, mas é difícil compreender. Pelo menos da forma que queremos entender. Mas saber o que desencadeia, qual o estopim de cada ato, apenas o arquiteto do universo com sua imensa concepção de
entendimento. Setembro amarelo é o mês reservado para a efervescência deste debate
Mas comungo a ideia de que a sensação de segurança ante a criminalidade, aumenta quando o Estado incide inclusive nas contravenções penais, ou em atos que as pessoas acham “aparentemente” normais. Hoje, ao invés de famílias visitando as outras com cadeiras nas calçadas vemos até perto de escolas, dezenas de menores, consumindo bebidas alcoólicas e/ou narguille. Evidentemente, precisamos diferenciar, por exemplo, o furto famélico: Ato do indivíduo que impelido pela fome ou pelo frio, subtrai alimentos ou roupas para poder subsistir, de um sequestro, latrocínio e cárcere privado por motivo fútil e torpe; entretanto nunca poderemos compreender o que leva estes jovens a aterrorizar os demais seres humanos, tirando a vida de outrem ou a própria; como estampam reiteradamente as manchetes de jornais.
Não obstante, uma discussão mais acalorada, um choque violento ou uma grande decepção, podem desencadear o desejo instantâneo de avançar na tentativa de tirar a própria vida. Não é difícil ceder aos desejos das “facilidades”. Todavia, devemos ter a percepção ativa de que os atos negativos de nossas vidas geram consequências a outrem e a nós mesmos. Mas, certamente que não somente o estado tem esta responsabilidade. A escola ajuda, entretanto, tudo começa na família, aprendendo os limites de seus direitos e abrangência de seus deveres: lá é que o mal tem de ser cortado e … pela raiz ! A família é a raiz da nossa vida. Fincada em chão firme. Sem ela ventos e tempestades impelem-nos ao chão.
Rosildo Barcellos, articulista
*Membro Vitalício da Academia de Letras e Artes de Cabo Frio - ALACAF