Os danos causados na pavimentação asfáltica, redes de energia elétrica e telefonia, pela circulação de carretas e caminhões de carga, diariamente, pelo centro da cidade, principalmente, nas avenidas José Palmiro da Silva, bairro São José e dos Estados, na Poupex, se agrava a cada dia.
E o que é pior: o prejuízo já não é somente da destruição do asfalto e das redes de enérgica elétrica e telefonia. A vibração pelo peso dos veículos, durante a circulação nas vias, estariam provocando fissuras em paredes e, até mesmo rachadura no piso de várias casas, localizadas nas margens das avenidas.
“Quando as carretas passam treme tudo. E isso, está fazendo com que as paredes das casas estejam rachando” denuncia a professora Maribel Ávila, afirmando que, em apenas um dia, no mês de agosto, circularam pela avenida dos Estados, 17 carretas em 40 minutos. “Contamos 17 carretas em 40 minutos” diz.
Os veículos, geralmente, carregados de produtos agrícolas e cargas diversas para entrega no comércio local, geralmente, são procedentes de municípios como Tangará da Serra, Barra do Bugres e Porto Estrela. Sem contar com caminhões boiadeiros que também usam o mesmo trajeto para transporte de gado.
“Em cidades de grande porte, a exemplo de Cuiabá, Várzea Grande e Rondonópolis, existem leis que proíbem a circulação de caminhões e carretas pelo centro da cidade. Isso também deveria ser feito em Cáceres” sugere o comerciante Ramon Oliveira.
Preocupados com a situação, moradores dos bairros Poupex e São José avaliam a possibilidade de acionar judicialmente o poder público para impedir a circulação de caminhões e carretas pelas avenidas. “Se não houver nenhuma providência imediata, vamos ter que procurar a justiça” diz um morador.
Secretário diz que projeto que regulamenta a questão está na Câmara há 4 meses mas não é votado
Secretário municipal de Planejamento, Gustavo Calábria, cuja pasta também é responsável pelo setor de trânsito, diz que a prefeitura já tentou resolver o problema fazendo um desvio, na entrada e saída da cidade, nas proximidades do “Caranguejão” mas a placa foi retirada do local e a ideia não funcionou.
Disse ainda que, parte da responsabilidade também é da Câmara. Explicou que o Executivo enviou ao Legislativo, um projeto de lei que propõe a regulamentação da circulação de veículos de carga, tratores, operações de carga e descarga, na área urbana de Cáceres, mas até hoje não foi votado.
“O Projeto de Lei encaminhado para Câmara no mês de maio, com várias sugestões, iria resolver o problema. Mas, até hoje não foi votado” disse.
Por outro lado, o presidente da Câmara, vereador Luiz Landim (PV) confirma o recebimento do projeto e informa que ele foi encaminhado para as comissões correspondentes como a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e a de Transporte, para apresentar os pareceres.
Relator da Comissão de Transporte, vereador Pastor Júnior (Cidadania) afirma que a comissão já recebeu o projeto com o parecer da CCJ. Porém, segundo ele, em comum acordo com o presidente da comissão, vereador Celso Silva (Republicano) decidiram ouvir a população, através de audiência pública, antes de colocá-lo em votação.
“Decidimos ouvir a opinião da população antes de colocar o projeto em votação. Diante da complexidade, vamos marcar uma audiência pública, para os próximos dias. A ideia é fazer o melhor possível, em consonância com o Plano de Mobilidade Urbana de Cáceres” justificou.
Carretas tem que circular em anel viário que é obrigação do Estado, diz Pastorello
Autor de projeto semelhante, o vereador Cesare Pastorello (PT) critica e faz sugestão sobre o caso. “A regulamentação não é apenas devido as carretas que estão arrebentando com a cidade. Essas não abastecem aqui, não trocam um pneu aqui, nem deixam dinheiro nenhum, só destroem e atrapalham o trânsito, colocando a vida de pessoas em perigo. Elas tem que circular em um anel viário que é obrigação do Estado, não do município”.
Diz que “não somos mais a Vila Maria do Paraguai e as coisas devem precisam de regras. “A regulamentação também lida com setores da cidade onde veículos de grande porte não deveriam circular, como no centro da cidade. Além de definir horários e critérios para carga e descarga. Qualquer cidade do porte de Cáceres tem isso. Não somos mais a Vila Maria do Paraguai. As coisas precisam de regras”.