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Durante parada em Cáceres, motorista de cegonheira conta que lugar de mulher é onde ela quiser
Por João Arruda
14/10/2024 - 10:02

Foto: Jornal Cacerense

A participação de mulheres alguns setores profissionais  segue ainda incipiente, em atividades como transporte rodoviário é rara para a classe feminina. 

Sheila Karina Portella,  de 52 anos,  paulista da cidade de Jundiaí, é uma prova de que a mulher pode desempenhar suas habilidades em setor onde a predominância exercida com ampla maioria por homens. 
Além de atuar no transporte rodoviário Sheila optou pela área que é um verdadeiro tabu até seu ingresso,  ela conduz uma Scania P 340, que transporta carros novos desde as fábricas ( montadoras), desde as revendas autorisadas  nas cinco regiões do país,  e até mesmo no exterior. 

O encontro de Sheila Portella com a reportagem ocorreu  de maneira casual.  Ela regressava da cidade de Vilhena,  no estado de Rondônia,  onde descarregou 11 veículos novos oriundos da fábrica em São Bernardo do Campo. Já por volta das 14 horas,  Sheila estacionou à Cegonha,  no KM 684 da Rodovia Federal 070, a 30 km de Cáceres, o requisitado Restaurante Serra (preferido dos viajantes dessa estrada) sendo à penúltima cliente atendida. Indagada,  se poderia  ceder a entrevista,  topou na hora. 

Após sua refeição Sheila Karina,  revelou que nutria o sonho de viajar desde a sua infância. Ela, não  teve influência dos pais e nem outros familiares,  apenas quando criança e adolescente,  observava o vai e vem dos carros entre à sua cidade na região de Campinas-  Oeste Paulista- ligando outras partes do Brasil,  desde então  guardou o sonho  de se tornar motorista de cegonha. " Eu quando muito pequena já admirava a profissão,  ao chegar na adolescência essa decisão ganhou mais consistência, não via à hora de conseguir a minha Carteira Nacional de Habilitação, que enfim chegou logo que atingi a maioridade, dai foi só uma questão de tempo e de aguardar à oportunidade, digo sou muito feliz,  mas não foi fácil adentrar a área povoada por  cegonheiros, de início,  tive que suportar pressões e preconceito da categoria, porém superei " confessa com um sorriso  estampando a face.

Sheila conta que se atrasou para o almoço,  pois escapou de uma fechada brusca e imprudente na cabeceira da Ponte do Rio Jauru,  BR 174 km 101, que interliga a BR 070. Lá,  uma outra carreta em sentido contrário,  obrigou que ela fizesse uma manobra inesperada para o acostamento antes da ponte. Ela conta que se à cegonha  estivesse carregada,  iria cair dentro do rio. " a minha calma e Deus me livraram do pior " descreveu . 
Nas suas andanças Brasil adentro,  exceto as imprudências dos motoristas ( de todos os veículos automóveis, utilitários e carretas ) , nunca sofreu constrangimento pelos colegas. " Alguns são apressados,  fazem ultrapassagens arriscadas, no entanto , em pontos de paradas nunca deparei qualquer ato de mau comportamento" revela. 

Ela conta que na empresa que atua são mais de 3 mil cegonheiros,  sendo  a única mulher. " Nesse tipo de trabalho,  exige todo um protocolo de manobras muito diferente de outros veículos pesados,  ao estacionar faz se necessário analisar a dimensão,  desnível e direção. Além  do espaço para a parada e de saída visto para seguir em frente à cauda da cegonha é  totalmente diferente de outros veículos pesados pede muita habilidade e cautela " explica. 

Já com mais de uma década nas estradas narra que já transportou carros da Toyota e da GM,  desde a cidade gaúcha de Gravataí no Rio Grande do Sul,  até Rio Branco no Acre, de acordo com Sheila, foi seu trajeto mais longo, riscando o Brasil de Sul ao Norte,  bem como já "puxou " (sic) carros novos de Suape no litoral pernambucano até Belém do Pará. 

Mais recente Sheila, percorreu à estrada pantaneira do Mato Grosso do Sul,  a BR 262, transportando veículos até a cidade de Santa Cruz de La Sierra,  na Bolívia,  via Corumbá .

Para ela a única crítica fica para os pontos de apoios ( postos de combustíveis e restaurantes de alguns estados) as instalações sanitárias que na maioria são precárias. Contudo,  faz uma ressalva que no Mato Grosso as três rodovias 163,  de Nova Mutim  até a divisa com o Pará e as 174, 070 na região de Cáceres MT,  são excelentes os banheiros. 

Casada com também cegonheiro Eder Bezerra Nogueira,  tem um filho Mateus Demarchi, Sheila   encerrou acenando às mulheres do Brasil que ousem e,  que não desistam de seus sonhos  Além disso arrematou divulgando que a comida servida no Restaurante  Serra na BR 070, está entre as melhores do Brasil.

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