Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Equipamentos velhos e o fenômeno 'decoada' colorem a água do rio Paraguai
Por Jornal Oeste e Assessoria Embrapa
19/02/2013 - 09:59

Foto: arquivo
A engenheira sanitarista, Sara Caporosi, responsável técnica pelo sistema de tratamento de água de Cáceres, juntamente com o diretor da Nortec, Paulo Roberto Ferreira, a convite do vereador Tarcisio Paulino (PSB), estiveram na sessão ordinária de ontem, 18, da Câmara de Vereadores, para explicar porque nas últimas semanas, a água tem chegado turva as torneiras dos consumidores. A engenheira explicou que o fenômeno é temporário e é fruto da “decoada” e da precariedade do sistema de filtragem da Estação de Tratamento de Água (ETA) que tem mais de 60 anos. Ela afirmou que apesar da coloração, a água está livre de bactérias e própria para o consumo. A engenheira relatou que assim que detectou o problema, a Nortec reduziu o período de lavagem dos filtros de 15 para sete dias. Ela explicou que só não diminui mais ainda o período porque o sistema é interligado e o fornecimento de água teria que ser paralisado com mais freqüência gerando mais transtornos. Segundo a engenheira, os impactos da “decoada”, que ocorre anualmente com o aumento de volume de água do rio Paraguai, poderiam ser menores se o meio filtrante tivesse sido reformado como vem propondo a Nortec desde 2009, quando assumiu o sistema. De acordo com ela, os decantadores e flucuadores, pelo tempo, já não conseguem mais fazer um trabalho eficiente. O gerente da Nortec, Paulo Roberto Ferreira explicou que desde 2009 a Nortec, que possui apenas um contrato de prestação de serviço, vem alertando a administração para necessidade de investimentos em setores essenciais, entre eles, o sistema de filtragem. Ele disse que a empresa apresentou um plano para solução parcial e total do problema da água na cidade que inclusive já teve o projeto aprovado pelo governo federal. O gerente explicou que o projeto elaborado pela Nortec, é um plano de saneamento que prevê investimentos de R$ 20 milhões de reais para solucionar o problema de Cáceres pelos próximos 20 anos. Porém, explicou que a solução emergencial para resolver o problema de tratamento de água e o abastecimento em regiões problemáticas como o grande Jardim Padre Paulo, custa R$ 3 milhões reais. Ele afirmou que o recurso seria aplicado na reforma da ETA e na construção de uma Adutora de 20 milímetros para aumentar a quantidade e a pressão da água para que ela chegue 24 horas por dia no grande Jardim Padre Paulo. Paulo Roberto, porém alertou que essas obras precisam ser feitas até o mês de abril, pois a partir deste período o consumo de água aumenta e mexer no sistema se tornará um grande transtorno. Com relação ao vencimento do contrato no próximo dia 28 e as criticas que a empresa vem recebendo desde que chegou a cidade. O gerente disse que a Nortec “levou paulada injustamente”, porque seu contrato é de prestação de serviço e não incluiu investimentos como muitos desinformados existem em afirmar maldosamente e com conotação política. “Nosso contrato vai vencer e se não for renovado iremos embora, mas não adianta vir com conversa mole. Se não houver investimentos emergenciais, não é a simples troca de empresa que vai solucionar o problema da água em Cáceres”, ressaltou. O presidente da Câmara, vereador Alvasir Alencar (PP), disse que é injusto atribuir a Nortec a culpa pelos problemas. Ele disse que o maior culpado é a prefeitura que fez um contrato que não prevê investimentos. O vereador Marcinho Lacerda (PMDB), elogiou a coragem da direção da empresa de ir a Câmara para prestar esclarecimentos. Antes do inicio da sessão, o empresário Claudio Oliveira, designado pelo prefeito Francis Maris (PMDB), para tratar da questão da água, usou a Tribuna Livre para relatar que desde o inicio do ano vem visitando vários sistemas dentro e fora do Estado para propor um modelo que atenda as necessidades de Cáceres. Ele disse que uma das propostas é que o município crie uma autarquia para gerenciar o sistema, mas ela esbarra em questões legais já que o município está no limite de pessoal estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O QUE É A DECOADA Um fenômeno que provoca a deterioração da qualidade da água dos rios e, conseqüentemente, a mortandade de peixes no Pantanal. A informação é da pesquisadora Débora Calheiros, da Embrapa Pantanal (Corumbá-MS), unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo ela, a decoada ocorre todos os anos, mas a intensidade é variada, pois depende da forma como se comporta o rio Paraguai na seca e na cheia subseqüente. Ocorre com alta magnitude quando há uma seca pronunciada (como foi a de 2007) seguida de uma enchente mais rápida e também pronunciada. “Temos uma decoada intensa quando o nível do rio Paraguai atinge 3,5 metros (pela régua de Ladário) no começo de fevereiro”, explicou Débora. Como neste ano a enchente não está tão intensa, prevê-se que o fenômeno deva ocorrer de forma moderada. Nessa quarta-feira, dia 13, o nível do rio estava em 2,80 metros. A última decoada considerada de magnitude elevada ocorreu em 1995, quando o rio Paraguai teve a terceira maior cheia do século passado. De acordo com Débora, decoadas intensas podem provocar a mortandade de indivíduos de todas as espécies de peixes. Quando a intensidade é menor, algumas espécies apresentam adaptações que conferem maior resistência, como o pacu, por exemplo, que desenvolve um lábio mais grosso na parte inferior da boca para melhorar a eficiência na tomada de oxigênio na superfície durante a decoada. O fenômeno A decoada está diretamente relacionada ao regime de cheia e seca dos rios da planície pantaneira. Quando as águas recuam, a vegetação aquática morre e a terrestre, em especial gramíneas, se recompõe de forma rápida. Durante a enchente subseqüente, segundo Débora, a água passa a cobrir a planície pantaneira deixando esta vegetação submersa. Toda essa matéria orgânica em contato com a água começa a se decompor e, conforme o nível de inundação aumenta, os produtos da decomposição são levados do campo inundado para os lagos (baías), córregos e rios. Esse processo de decomposição realizado pelas bactérias é tão intenso que é capaz de consumir todo o oxigênio dissolvido na água, liberando o dióxido de carbono livre. O fenômeno dificulta a respiração dos peixes, que sobem à superfície para tentar absorver o oxigênio da interface ar-água (“boquear”) e ficam mais expostos aos predadores ou acabam morrendo se não acharem uma área com água em melhores condições. “Dependendo da intensidade e tempo de duração, o fenômeno pode matar toneladas de peixes”, afirmou a pesqusadora. Apesar disso, Débora explica que a decoada tem um papel ecologicamente importante para o funcionamento do Pantanal. Faz parte do ciclo de renovação da planície relacionado ao ciclo das águas e garante a entrada de nutrientes no sistema. Normalmente a decoada acontece no período de enchente, entre fevereiro e maio. Nesta época as altas temperaturas (média de 32 graus) no Pantanal aceleram o processo de decomposição. Quando uma frente fria se aproxima, as temperaturas caem por alguns dias e o processo de decomposição desacelera, melhorando a qualidade da água. Em 1995, o rio Paraguai chegou a ficar dois meses praticamente sem oxigênio em função da decoada. É difícil prever exatamente onde a decoada vai ocorrer, mas Débora afirma que o fenômeno tende a acontecer a partir do Parque Nacional, na divisa com o Mato Grosso, na região conhecida como Três Bocas. Normalmente atinge as áreas marginais, campos inundados e baías, em caso de cheias mais localizadas, mas pode atingir o canal principal dos rios, se a inundação for intensa. A Embrapa Pantanal vem acompanhando a decoada de forma sistemática desde 1994. Ana Maio - Mtb 21.928 Embrapa Pantanal (Corumbá/MS) Oliveira afirmou que tem até o final do mês para apresentar algumas propostas para serem discutidas com sociedade.
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