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A metade de 100
Por por Luciano Vacari
14/07/2025 - 13:59

Foto: reprodução



Segundo os livros de história e geografia, o Brasil foi descoberto em 22 de
abril de 1500 por um navegador português chamado Pedro Álvares Cabral, que
havia saído da Europa com a missão de buscar especiarias na Índia, mas que,
por um golpe de sorte ou de azar, acabou aportando suas caravelas numa
região do nordeste brasileiro hoje conhecida por Porto Seguro, na Bahia.

De lá para cá, em exatos 525 anos, o país surpreendeu o mundo em vários
pontos, sobretudo na capacidade produtiva de suas terras e pela gigantesca
capacidade de explorar seu solo, seu relevo, seu clima e a força de trabalho
de seu povo, sem falar da criatividade, é claro.

Politicamente, foram 7 fases. A primeira delas foi o período colonial, de
1500 a 1822, marcado pela exploração das nossas riquezas naturais, como o
ouro e as florestas. Logo após veio o Brasil Império, de 1822 a 1899,
abrigando a coroa portuguesa que havia fugido da guerra no continente
europeu, e culminou com a proclamação da república. Tinha início aí o
período republicano, que nos acolhe até os dias de hoje.

Neste intervalo de tempo passamos por 5 momentos bem distintos, como a
República Velha, a Era Vargas, a República Populista, a Ditadura Militar e
finalmente a Nova República, esta última que vem desde a redemocratização em
1985 até os dias de hoje, e é marcada muito fortemente pela participação
social e pela democracia.

Pois bem, mas afinal, o que queremos dizer com essa pequena visita à
história? A resposta é bem simples, que o Brasil já foi colônia, já teve
reis, já foi governado por poucas famílias, que sentiu a mão pesada do
Estado, e que hoje é um país livre, democrático e soberano, onde a vontade
de seu povo se manifesta nas eleições, e onde todos os brasileiros natos ou
não, se curvam à uma única lei.

Por falar em soberania, nos últimos dias o Brasil recebeu, via mídia social,
uma carta do governo americano dizendo que, a partir de 1º de agosto de
2025, os produtos brasileiros terão incididos sobre eles uma taxa de 50%
para participar do mercado norte americano, o que tecnicamente não tem
nenhum respaldo técnico ou econômico, e ainda vai além, se achar que pode
nos retaliar, se preparem, nossa sobretaxa pode não ter limite!

Isso mesmo, 50% de pedágio, o que inviabiliza totalmente as exportações
nacionais para a terra do Tio San, como o suco de laranja, o café e a carne
bovina. Imediatamente começou a gritaria. De um lado, "tá vendo, nós
avisamos, ele vai acabar com o Brasil!" De outro lado, "calma aí
companheiro, aqui tem regra, e ela vale para todos, não vamos ser
intimidados!".

Mas o fato que é a metade de 100 é um duro golpe na economia nacional, serão
milhões de empregos perdidos, e bilhões de prejuízo aos cofres públicos e
aos produtores rurais e empresas privadas.

Mas e agora? Agora é cabeça fria e negociar. Usar da diplomacia para fazer
do limão uma limonada.

O mercado americano é importante, claro que é, mas ele não é o único. Agora,
mais do que nunca, é necessário mostrar ao mundo a qualidade e volume dos
nossos produtos agrícolas. Mostrar que somos confiáveis e que estamos
prontos para atender a qualquer nível de exigência, e ainda assim somos
competitivos.

O mundo é muito grande e tem bilhões de bocas que precisam ser alimentadas
diariamente. Mas a soberania de um povo é única, e não pode ser ameaçada por
comprador nenhum. Dessa forma vamos definir nosso futuro, e devemos isso ao
nosso passado.

*Luciano Vacari é gestor de agronegócios e CEO da NeoAgro Consultoria.

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