Grandes eventos são marcos na linha do tempo que mudam os rumos da história, eles favorecem o encontro entre pessoas, o embate e a confluência de ideias e arrematam decisões que vão impactar uma cidade, um país ou o planeta. O mundo ficou diferente depois da ECO 92, a Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Foram 178 representantes de países-membros da ONU dialogando no Rio de Janeiro sobre alertas preocupantes para o futuro, sendo as mudanças climáticas um dos mais emergentes.Os resultados vieram nas mais diferentes escalas. Dali nasceram ou se fortaleceram iniciativas no mundo todo impulsionadas pelas evidências científicas e pelo senso de urgência e corresponsabilidade em relação ao meio ambiente.
A mobilização despertou emoções e edificou propósitos, surgindo ainda mais entusiastas da causa ambiental e instituições comprometidas com a sustentabilidade em diversos segmentos.Nesse campo, em uma instituição em especial, foi plantada uma semente em solo fértil e adubada com um compromisso com a eternidade.
O Serviço Social do Comércio (Sesc), naquele momento completando meio século atuando em todo o país, ampliou a visão do bem-estar social incorporando efetivamente a causa socioambiental. E foi no coração da América do Sul que o Sesc ergueu uma de suas contribuições mais nobres ao seu público prioritário e toda a sociedade, aliando conservação da natureza, ecoturismo, educação ambiental e ação comunitária, nascendo o Polo Socioambiental Sesc Pantanal.
Este foi o início de uma era socioambiental sem volta, um pacto com o futuro ao criar a Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Sesc Pantanal, gravada com pioneirismo e perpetuidade.A RPPN Sesc Pantanal, como toda iniciativa do Sesc, acompanha a história atentamente e atua na fronteira para atender às demandas sociais, sendo hoje uma das principais estratégias para promover o meio ambiente saudável por garantir os serviços ecossistêmicos.
Prestes a completar 30 anos, a RPPN Sesc Pantanal esteve presente em outro momento histórico no Brasil e no mundo, a COP 30 (Conferência das Partes), fórum mundial responsável pela tomada de decisões voltadas à implementação dos compromissos assumidos pelos países no combate às mudanças climáticas.
Em Belém, a RPPN Sesc Pantanal contou sua história e fez ecoar a voz do Pantanal como bioma estratégico nesse contexto, por meio de boas práticas já consolidadas na RPPN e em diversas iniciativas que atuam em rede para a sustentabilidade dos territórios pantaneiros.Ao longo do tempo, a RPPN já soma mais de 500 publicações científicas produzidas sobre as mais diversas áreas do conhecimento, em parceria com quase 200 instituições brasileiras e estrangeiras, contribuindo para o entendimento do caráter ecológico do Pantanal e para a previsão de cenários futuros.
Além da pesquisa científica, o ecoturismo é uma das principais atividades da Reserva, sendo este também um meio importante de divulgação do conhecimento produzido e sensibilização de dezenas de milhares de pessoas que visitam a RPPN anualmente, em todas as suas estações.Outra referência de destaque é o manejo integrado do fogo, uma abordagem inovadora para a gestão das ações preventivas e combate aos incêndios florestais que têm sido cada vez mais frequentes e severos em razão das mudanças climáticas.
Todo esse trabalho é possível porque é feito com as pessoas, desde o Conselho Consultivo com diversos representantes, até as ações comunitárias junto ao entorno para garantir autonomia das populações frente aos desafios socioambientais. Somente com diálogo e união o caminho se abre, as soluções emergem e o horizonte passa a guardar um futuro mais possível para quem ainda vai chegar por aqui. A RPPN Sesc Pantanal é um presente para o futuro do planeta.
Cristina Cuiabália
Gerente-geral do Polo Socioambiental Sesc Pantanal