Reitora da UFMT admite defasagem salarial, mas teme atraso das aulas
Por G1 MT
15/05/2012 - 13:45
A reitora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Maria Lúcia Cavalli Neder, afirmou em entrevista ao G1 que concorda com as reivindicações dos professores que decidiram entrar em greve, por tempo indeterminado, a partir da próxima quinta-feira (17). “Entendemos as reivindicações dos professores como justas”, declarou a reitora. Ela também admitiu que o salário atual do professor está “defasado”. No entanto, ela acredita que a greve vai atrasar o calendário escolar prejudicando os 1.600 docentes e quase 20 mil acadêmicos.
Maria Lúcia alegou que ainda não foi notificada da decisão tomada pelos docentes em assembleia realizada na segunda-feira (14) em Cuiabá. Mas por integrar a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), ela adiantou que vai levar a demanda da categoria ao ministro do Planejamento, Aluízio Mercadante. “Ainda estamos agindo politicamente junto Ministério do Planejamento contando com a intermediação do Ministério da Educação (MEC) para que seja feito um esforço no sentido de analisar as reivindicações rapidamente. Isso porque o prejuízo da greve é muito grande”, comentou a reitora, por telefone ao G1.
A reitora afirmou que, sem dúvida, a greve vai atrasar o calendário escolar. “Nós estamos preocupados com os prejuízos da greve. O calendário deve ficar atrasado. O aluno deixa de colar grau no período esperado. Tenho certeza que nenhum professor gosta de greve, pois afeta todo o seu planejamento anual”, comentou a reitora.
Reivindicações dos professores
Entre as reivindicações, a categoria cobra do governo federal que seja cumprido um acordo assinado em abril de 2011. O acordo garante reajuste salarial de 4%, incorporação da Gratificação Específica do Magistério Superior (Gemas) e reestruturação da Carreira Docente. Para resolver este impasse, a presidente Dilma Rousseff publicou no Diário Oficial da União uma Medida Provisória que reajusta os salários dos servidores públicos federais. Segundo o governo, os aumentos serão retroativos ao mês de março deste ano.
Contudo, para o presidente da Associação de Docentes da UFMT (Adufmat), Carlos Eilert, ainda é preciso atender o pedido de criação de um Plano de Cargo Carreira e Salários (PCCS). Sobre este ponto, a reitora informou que considera importante o fato dos professores terem este benefício garantido. “Julgamos que é justo ter o PCCS, pois ele garante uma perspectiva de melhoria salarial. O plano atual está antigo e defasado”, declarou.
De acordo com Carlos Eilert, um dos líderes do movimento grevista, os professores também buscam um novo piso nacional para a categoria. Atualmente um professor em início de carreira ganha R$ 557 e o piso reivindicado pela categoria está em torno de R$ 2.329.
Pauta regional em construção
A greve da UFMT faz parte de uma mobilização nacional. Pelo menos 33 sindicatos de instituições, segundo a Adufmat, informaram que também estão com indicativo de greve aprovado. Na quinta-feira, a partir das 14h, na sede do sindicato, os professores do movimento grevista devem se reunir para decidir mais itens da pauta regional.
Entre as reivindicações adiantadas pela Adufmat, estão as cobranças de melhorias no Restaurante Universitário (RU) e na Biblioteca Central, bem como o pedido de mais investimento nos cursos de pós-graduação, especialização, mestrado e doutorado. Outro item considerado importante é a realização do concurso público.
Respostas
Sobre o concurso, a reitora disse que isso depende da aprovação do projeto de lei Lei 2.134/11 que versa sobre a realização de concursos nas universidades federais. Só para a UFMT, segundo a reitora, estão previstas pelo menos 173 vagas por meio do plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (REUNI). Maria Lúcia disse que ficou satisfeita com o recente posicionamento do ministro Mercadante, que, conforme ela, demostrou estar disposto “acelerar o processo de aprovação do PCCS”.
Agora em relação às melhorias no Restaurante Universitário de Cuiabá, Maria Lúcia afirmou que, desde o início da sua gestão, ampliou de um para quatro o total de restaurantes universitários e que está prevista a construção de mais dois populares RUs nos campi de Sinop e Barra do Garças. “Esse ponto já está atendido”, comentou. Já a respeito da reclamação envolvendo a biblioteca central, a reitora afirmou que investiu só no ano passado cerca de R$ 2 milhões, e que neste ano, a direção aplicou R$ 1,5 milhão. “Posso dizer que não houve problema de destinação de recursos”, completou.