Em comemoração os 265 anos de aniversário do Estado de Mato Grosso, a Secretaria de Estado de Cultura (SEC) promove nesta quinta (09) um sarau lítero musical com artistas mato grossenses. A celebração tem início na Academia Mato grossense de Letras (AML), seguido de um cortejo pela rua Barão de Melgaço até a antiga Casa dos Governadores, hoje MT Fomento, para um “chá co bôlo” com a presença de cururueiros, poesia e culinária regional. Durante a solenidade, será anunciado o lançamento do linguajar cuiabano com uma encenação musical de artistas locais. O evento começa às 8h e é aberto a população. Na solenidade que abre as festividades, na AML, Vera Capilé e o violeiro de cocho e professor Habel dos Anjos, interpretarão o Hino de Mato Grosso. Em seguida, um espetáculo com teatro e música homenageia o linguajar cuiabano e as características do Estado de Mato Grosso em um sarau lítero musical. As atrizes Wanda Marchetti, Bia Correia e Rita Cássia Gonçalves Pinto apresentam uma interpretação cênica a partir de textos do poeta cuiabano Silva Freire (1928-1991). “São poemas que apresentam Mato Grosso, sua flora e seus aspectos. Feito especialmente para homenagear nosso estado”, destaca Wanda Marchetti. O poeta da casa Avelino Tavares também declama o poema “Chão Moiado”, de autoria própria. Rita Cássia irá cantar a composição “Pra Terra”, do músico cuiabano Maurício Detoni. Ainda na AML o Grupo Incluart, de crianças portadoras de síndrome de down, completa a programação com uma roda de siriri, dança típica do folclore mato grossense. “É uma honra pra nós participar de uma solenidade que homenageia o Estado, porque nós também fazemos parte desta historia”, diz a coordenadora do grupo, Regina Zattar. “Chá cô bôlo” Após o sarau lítero musical, a população será acompanhada num cortejo pelo saxofonista Bolinha e a banda de sopro Charanga Sonora até ao MT Fomento, onde a escritora e poetisa Luciene Carvalho recebe a população com uma performance inspirada na cuiabania. “Declamarei um poema escrito especialmente para a ocasião, mostrando que poesia é um dos melhores frutos desta terra”, destaca a escritora e poetiza. Uma intervenção entre os artistas Vital Siqueira, Jeniffer Reis e Raul Lázaro apresentará uma esquete tendo o “linguajá” como tema. “Jeniffer será a recepcionista da festa, consultora de eventos, Vital o turista que irá se deparar com a cultura e a cidade de Cuiabá e eu serei o cuiabano ‘Janjo’, que vai a festa. É neste momento que vem a surpresa”, conta o produtor cultural Raul Lázaro. Em seguida, já na Praça Alencastro, as bandas das polícias Militar, Corpo de Bombeiros e do Exército se encontram para hasteamento da bandeira ao som do Hino Nacional e de Mato Grosso, finalizando oficialmente o evento que comemora o aniversário do Estado. (Com Assessoria) Texto de Silva Freire que inspirou o texto da encenação “Linguajar Cuiabano” “Num falei prá num pisá no mosaico frio cô-corpo-quente-de-cama! Qué pegá neumonia qué! Num vai bebê água depôs de fruta – banana... É pá-terra! Nem num vai durmi cô clarão-de-lua na cara, dá ar! Tamém num passa na frente de vento encamado, dá prisão de pescoço. Sem precisão, num passa debátxo d’iscada, escafede ocê! Vái, vai cu d’água, vai tomá pinga depôs que tchupô melancia.... vai, mas tdêxa dinhêro prô enterro! “, segue o trecho da interpretação. “A língua é o maior patrimônio de uma nação, pois expõe a riqueza lexical de um povo. O registro e tombamento do linguajar cuiabano traz à luz sentidos ocultos, cobertos pela rotina e pragmatismo verbal. Com este ato, buscou-se recuperar o que estava escapando, conservando a memória do falar multiétnico do povo mato-grossense”, finaliza João Carlos Vicente Ferreira, historiador e escritor.