O Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso fez hoje a entrega de 50 mil doses de vacina antiaftosa para o Comitê Mixto Brasil/Bolívia. A doação foi efetivada em San Mathias, a 80 km de Cáceres, e faz parte da regulamentação das ações de vacinação contra a febre aftosa na região de fronteira na Província Angel Sandoval e na fronteira do Estado de Mato Grosso-Brasil. A parceria existe há 17 anos e possibilitou que aquela região da Bolívia, conhecida como chiquitania, ficasse livre da doença, se tornando zona livre da aftosa. Entregues pelo Indea, as vacinas foram adquiridas com recursos do Fesa, e custaram 78 centavos a unidade, sendo compradas após a realização de tomada de preços. Um dos lotes tem a data de validade até dezembro deste ano, e a outro, abril de 2013. As vacinas foram entregues ao Agasam -o equivalente a um sindicato rural brasileiro, e seu presidente, Wilfredo Peinado Cuellar, informou que o montante atinge 70% da demanda. As doses são doadas a pequenos produtores que possuem até 20 cabeças, e vendidas a produtores que possuem maior número de animais. "O objetivo é atender a pequenos e médios, os grandes fazendeiros compram por conta própria"-informou. Com o dinheiro da venda, são executadas ações que beneficiam os produtores, como a construção de bretes comunitários para a vacinação. A vacinação na região boliviana segue o modelo do Mato Grosso, sendo feita duas vezes ao ano, em períodos semelhantes. A região tem um rebanho estimado em 140 mil cabeças e começou há pouco a exportar carne para países do Mercosul, como Equador, Peru e Venezuela, e está iniciando conversação com o Chile. "Graças ao convênio que temos com o Brasil, nossa região tem um rebanho de genética superior, o que facilitou o processo de exportação"-afirmou Wilfredo. Como funcionário do Ministério da Agricultura, o ex-presidente do Indea Ênio Arruda esteve presente. Ele lembrou o início da cooperação entre os dois países e o quanto a Bolívia avançou após o início da vacinação na área fronteiriça. "Mato Grosso está livre da aftosa desde o ano de 2.000, mas mesmo assim ainda não conseguimos a fatia dos melhores mercados mundiais para exportar. Hoje temos 108 mil propriedades rurais e apenas 439 mil delas habilitadas para exportação. Há muito trabalho a ser feito". O novo presidente do Indea a conselheiro do Fesa, Jurandir Taborda Ribas, também esteve em San Mathias, e afirmou que o trabalho de vacinação é de interesse dos dois países, pois protege os rebanhos boliviano e brasileiro. "Não pode haver descuido"-disse ele. Representando o presidente do Fesa José João Bernardes, o conselheiro Antonio Carlos Carvalho de Souza afirmou que o objetivo é que, no futuro, o comércio de carne bovina não tenha fronteiras. Mato Grosso, disse ele, tem 30 milhões de cabeças e necessita do comércio internacional. As vacinas começarão a ser utilizadas de imediato e em ritmo acelerado, segundo garantiu o veterinário boliviano David Soto Mariscal, que supervisiona o trabalho de vacinação. Serão vacinados animais de mamando a caducando, e esta etapa só não atingirá o rebanho que está na área do Pantanal, pela dificuldade de acesso. Também estiveram em San Mathias o presidente do Sindicato Rural de Cáceres, Márcio Lacerda, o gerente executivo do Fesa, Eduardo Alves Ferreira Neto, o gerente regional do Indea em Cáceres, Marcus Vinicius Beppu Muniz,e a diretora técnica do Indea, Maria Auxiliadora P.R. Diniz, além de funcionários do Indea Cáceres. Para a próxima etapa de vacinação, que acontece nos meses de outubro e novembro, O Fesa irá doar outro lote ao Comitê, de 65 mil doses.