Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Cáceres divulga nota à população
Por assessoria
23/09/2013 - 17:24
NOTA À POPULAÇÃO
Após tantos impasses e declarações do gestor municipal de Cáceres com relação aos servidores públicos municipais, faz-se aqui uma reflexão de qual é o verdadeiro significado das palavras RESPEITO e JUSTIÇA.
Os servidores públicos municipais vêm assistindo e lendo as declarações empenhadas do atual gestor do município em desconstruir o que há anos foi construído pelos servidores públicos municipaisː o trabalho por dedicação.
Os servidores, em sua grande maioria, possuem mais de dez anos de serviço ao bem público, alguns bem mais e outros pouquíssimos, menos. Porém, esses anos dedicados deixaram de ser conhecimento, experiência e tornaram-se, segundo as declarações, estereótipo de ‘tumores’, ‘canceres’...
É bem verdade que toda mudança traz transtornos, isso não se nega. Mas a mudança numa gestão pública não quer dizer atribuir adjetivos pejorativos àqueles que entregam sua vida ao serviço público. E o mais bem sucedido, experiente, inteligente e esperto gestor, seja ele em qualquer lugar ou função, sabe que o necessário para o sucesso é o trabalho em conjunto, dado em meio ao respeito, a união e o consenso.
Então, reflitamos sobre respeito e justiça diante da situação que se instalou entre gestor e servidores públicos municipais.
De início, com relação ao pagamento dos salários em dia, isso não é apenas respeito, é obrigação. Infeliz daquele que vangloria-se por fazer sua obrigação, isso é a verdadeira inversão de valores, pois aquilo que é feito por obrigação e comprometimento vira manchete em jornais como se fosse algo plausível e extraordinário. Se assim foi feito, merece apenas o reconhecimento pelo esforço de fazer aquilo que é justo e correto. Isso é respeito, isso é justiça!
Destaca-se neste momento um dos adjetivos dados pelo administrador municipal aos servidores públicos municipais.
Segundo a interpretação das declarações passadas a jornais locais, os servidores grevistas são ‘preguiçosos’ –visão essa reforçada por um pequeno grupo que, na ânsia de continuar com o apoio incondicional a essa postura e às ações do atual gestor municipal, questionam os servidores o motivo pelo qual fazer seis horas seguidas de trabalhoe deixam de maneira evidente suas opiniões tendenciosas ao escreverem em seus comentáriosː– Vamos colocar esse povo pra trabalhar!
É isso que se ouve de algumas pessoas que ignoram o verdadeiro motivo da opção pelo horário corrido. Por quê?
Porque os servidores públicos municipais no desejo de querer ver o município crescer, e com reais condições de evoluir, no passado, sujeitaram-se a um acordo de manter-se com salário base menor por reconhecer que a máquina pública não poderia arcar com salário justo. E, por prudência e solidariedade, acordaram-se com a redução da carga horária pautada no que é legítimo, ou seja, trabalhar por seis horas seguidas e, assim poder, de uma forma ou outra, buscar a complementação financeira autônoma para viver com dignidade e paralelamente contribuir com o bom andamento dos serviços públicos.
Porém, essa ação amigável e muito bem discutida em gestões anteriores, foi desconstruída de forma abusiva, autoritária e sem (re)conhecimento histórico da situação.
Há ainda questionamentos do tipoː porque não brigaram antes pelo salário real? Ai está à resposta óbvia, porque antes nenhum administrador arbitrariamente se colocou como inimigo dos servidores, nunca lhes colocaram tantos adjetivos pejorativos, ou agiram tão somente com ações que agridem aos funcionários.
Ouvir pessoas experientes e tomar decisões em conjunto, isso sim é respeito, muito além, é JUSTO!
Ah, mas isso é uma ação política – afirma o prefeito. Então questionamosː o que é política?
Segundo Aristóteles ("Política", 1252b)ː
[...] a palavra política é derivada do adjetivo originado de pólis (Politikós), “que significa tudo o que se refere à cidade, logo, o que é urbano, civil, público, e até mesmo sociável e social. Com o tempo, o conceito foi perdendo significado original e hoje indica atividades ou conjunto de atividades que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis. Enfim, o bem em política é a justiça, ou seja, o interesse comum; todos os homens pensam, por isso, que a justiça é uma espécie de igualdade.” (Trecho retirado do site www.jornaldosamigos.com.br)
Diante desse conceito podemos afirmar com segurança que a ação dos servidores públicos municipais é uma ação política sim, porque luta-se por um bem comum, bem dos servidores, bem dos munícipes que também sofrem com a falta de materiais para atendê-los com atenção e dignidade, sofrem com o estado deplorável das ruas da cidade. Ou há medicamentos nas unidades de saúde e materiais de trabalho?
Contudo,é importante ressaltar que nossa luta não é uma ação política partidária, como assim quis dizer o ‘excelentíssimo’ gestor que mais uma vez não soube se expressar.
Reafirma-se, não se tem partido político, mas o partido do bem comum, não de um grupo, mas da sociedade.
Ainda filosofando, Aristóteles diz queː
[...] o governo e constituição significam a mesma coisa, sendo que o governo pode ser exercido de três maneiras diferentes: por um só, por poucos ou por muitos. Se tais governos têm como objetivo o bem comum, podemos dizer que são constituições retas, ou puras. Por outro lado, se os poderes forem exercidos para satisfazer o interesse privado de um só, de um grupo ou de apenas uma classe social, essa constituição está desvirtuada, depravou-se. Nota-se aqui o claro confronto ressaltado por ele entre a busca do bem comum e o interesse privado ou de classe. Quando um regime se inclina para o último, para algum tipo de exclusivismo, voltando as costas ao coletivo, é porque perverteu-se. Visto que o Estado se compõe de uma comunidade de famílias, assim como essas se compõem de muitos indivíduos. (Trecho retirado do site www.educaterra.terra.com.br)
Destaca-se tal trecho por ver-se caminhar, o governo á direção de poucos neste momento, quando o gestor municipal assume declaradamente em reunião com servidores que mudou horário porque um pecuarista o reclamou que veio pela manhã na prefeitura e esta encontrava-se fechada.
Ignorou que muitos outros munícipes usufruíam exatamente do horário de intervalo de serviço para resolver seus problemas na prefeitura e reconhece isso, mas, por orgulho, em hipótese alguma voltara atrás de ordem dada. O que é justoː atender pequenos privilegiados, ou atender a maioria dos munícipes?
Então, se não volta atrás, pague aquilo que é direitoː isso é respeito, isso é justiça!
Ainda sobre os pedidos do gestor à justiça e as decisões dadas, há mais reflexõesː mesmo usando da própria Lei da Greve, a luta dos servidores em prol de seus direitos, foi declarada ilegal.
Há ainda aqueles que questionam o aumento salarial numa situação dessasː ora, os servidores não são‘infantis’. Em que momento foi pedido aumento salarial e de forma imediata?
Nossa reivindicação é a recomposição salarial pelas perdas ocorridas durante o acordo que foi arbitrariamente interrompido, nada mais justo que seja feita essa recomposição já que não existe mais acordo.
Mas agora? Nessa situação?
Quem disse que a recomposição é para agora?
O pedido e as negociações devem ser agora sim, mas para se concretizar no futuro, pois todo orçamento do município é feito com antecedência e ainda há a Lei de responsabilidade fiscal, tudo que é concedido deve ser previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias do município.
Por isso temos que garantir nossos direitos para o ano de 2014 até a conclusão dessas diretrizes orçamentárias, que devem ser previstas e feitas até o final dezembro de 2013. Após esse período, sem a devida previsão, só poderemos ter os direitos atendidos em 2015.
A hora é agora!
Ou é justo aumentar a carga horária em mais duas horas diárias de trabalho, deixar de ter uma complementação salarial autônoma e continuar com um salário baseado em R$ 494,00? Isso é respeito? Isso é justiça?
Não!
Ainda assim, o gestor municipal, com suas infundadas declarações, fala como se os servidores públicos municipais estivessem pedindo um ‘aumento’ e ainda de forma ‘imediata’, mesmo sabendo que não é isso que ocorre nas reuniões, apenas com objetivo de induzir o público a julgar servidores como irresponsáveis. Isso é respeito, é justo?
Neste momento reflete-se o extremismo da justiça, a discussão de conceitos e valoresː na primeira reunião com os servidores, o gestor municipal deixou muitos boquiabertos quando disse que os filhos de funcionários públicos, a partir de agora não terão mais vergonha em dizer que são filhos de funcionários públicos municipais que até papel higiênico levavam da prefeitura... ??? – Conclui-se que servidores são o quê...???
Induzir a população e generalizar que os servidores públicos municipais são desonestos entre outros adjetivosː isso é respeito, isso é justo?
Outra situação desconcertante do gestor municipal foi verificada num discurso para acadêmicos e professores, quando dirigiu-se aos visitantes e pediu ironicamente para que tivessem cuidado aqui em Cáceres, pois aqui há muitas piranhas e jacarés, mas não as piranhas que estão pensando. Piada de mau gosto num ambiente de altamente educacional que criou imenso constrangimento a muitos, como assim algumas pessoas declararam.
Questiona-seː elegemos um gestor ou um comediante? Era um discurso sério ou um show de stand-up?
E agora diretamente à lista dos adjetivos pejorativos aos servidores, em declaração aos jornais locais o administrador municipal dizː “A prefeitura tem um câncer em metástase. Estamos removendo os tumores e fazendo quimioterapia. Os efeitos colaterais são doloridos, mas, após a cura, teremos qualidade de vida”.
Bom, até que se removam os ‘tumores’– analogia medíocre – seguem-se as piadasː - Você é um tumor maligno ou benigno?
Isso é assédio moral. Isso é justo? É respeito?
Os servidores são, segundo a interpretação dada pelas declaraçõesː preguiçosos, baderneiros, politiqueiros, ladrões, simuladores, mentirosos e negligentes.
Questiona-seː há provas? Nenhuma.
O representante do gestor municipal usufrui comprovadamente de bens públicos para uso particular; faltam medicamentos para os munícipes; caos nas ruas; tratamento desrespeitoso altamente divulgado pela mídia local.
Provas? Sim. E muitas. Clarividentes, diga-se de passagem.
Aos servidores, a ‘Justiça’ dizː greve ilegal. Interpretaçãoː não há motivos para lutar, corte seus pontos!
Denúncias feitas pelos servidores. Respostaː aguardem mais provas, pois as apresentadas apontam para ‘armação’.
Um novo adjetivo aos servidoresː maquiavélicos!
Neste momento, destaca-se a frase de um servidor, dita no calor das assembleiasː não existem mais adjetivos para nos desqualificar!
De fato, não existem. E ainda assim, há os defensores!
O fato é, Senhor Gestor, que os servidores não foram e não são responsáveis pela situação-problema da prefeitura, muito pelo contrário, se a máquina funciona é porque a grande maioria trabalha com dedicação e com muito esforço nos papeis que assumem, e nunca se posicionaram como inimigos.
O problema é que se fez um (pré)julgamento muito errado do servidor público e suas ações são como armaduras.
Queremos apenasː RESPEITO e JUSTIÇA – palavras intimamente ligadas ao seu lema que é o trabalho ético, pois é na ética que se educa para as escolhas entre o que é certo ou errado, aquilo que é justo ou injusto.
E para concluir, encarecidamente, pedimos aos leitores uma receitaː como os servidores públicos municipais podem trabalhar felizes sendo achincalhados dessa maneira?
Sindicato dos Servidores Públicos Municipais