De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 5 milhões de pessoas morrem todos os anos devido ao AVC. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, esse número é de aproximadamente 100 mil mortes ao ano, a maior taxa da América Latina, sendo a primeira causa de morte e incapacidade, com enorme impacto econômico e social. Chamamos Acidente Vascular Cerebral (AVC) , ou mais modernamente Acidente vascular Encefálico (AVE), quando ocorre lesão (infarto ou morte celular) de uma porção do cérebro. Esta lesão pode ocorrer por um entupimento (por trombo ou êmbolo) de uma artéria no cérebro, chamado Acidente Vascular Cerebral Isquêmico (AVCI), ou por rompimento de uma artéria, chamado Acidente Vascular Cerebral Hemorrágico(AVCH). A hipertensão é diretamente responsável por mais de 60% dos casos de AVCs isquêmicos e de 100% dos AVCs hemorrágicos no País e segundo o epidemiologista da USP Dr. Paulo Lotufo, os derrames são mais freqüentes em temperaturas extremas, isto é, nos dias mais quentes ou mais frios do ano. Segundo Dr. Lotufo, a menor incidência coincide com temperaturas de 22 graus Celsius, ou seja, é pequena a chance de um AVC acontecer em dias agradáveis, em que os termômetros não registram números muito altos ou baixos. A Hipertensão arterial ( pressão alta) está presente em mais de 25% de nossa população. E muitos não sabem ser hipertensos, porque nem sempre há sintomas. O consumo excessivo de sal é fator importante no aparecimento e permanência da hipertensão. Este parece ter sido um hábito herdado dos portugueses, que também usam muito sal. Talvez por isso Portugal seja o país da Europa Ocidental com maior prevalência de hipertensão e de AVC. O AVC deve merecer atenção especial, porque por menor que seja a área atingida, será uma área nobre, de neurônios, portanto, todos os esforços devem ser feitos para evitar essa condição. O controle da hipertensão arterial ( pressão alta) é fundamental. Deve-se verificar a pressão arterial periodicamente. Se houver hipertensos na família, pelo menos uma vez ao ano. O nível ideal de pressão arterial é 12/8. Em pacientes com oitenta anos ou mais, admite-se até 14/8. Os sintomas do AVC são muito variáveis e podem ser: perda de movimento ou amortecimento de um braço, ou de uma perna, entortar a boca, alterações na visão, na fala, na audição, síncopes(desmaios). São sempre abruptos, mas podem ser sutis, podendo passar desapercebidos pelo paciente ou por quem estiver próximo. Esses sintomas, quando o AVC é pequeno, podem regredir e até desaparecer depois de algum tempo. Mas a qualquer sinal ou sintoma de AVC, o paciente deve ser imediatamente encaminhado ao Pronto Atendimento. Os AVCs podem deixar conseqüências (seqüelas) muito graves, como paralisia de um membro ou de metade do corpo. Podem provocar cegueira, afasia(incapacidade de entender ou expressar palavras), demência(esquecimentos). Ou, se a região do cérebro afetada for pequena ou conforme a localização, as seqüelas podem ser mínimas, permitindo uma vida normal. Para se evitar um AVC é fundamental o bom controle da pressão arterial. Deve-se verificar a pressão arterial periodicamente. Se houver hipertensos na família, pelo menos uma vez ao ano. Se for diagnosticada a hipertensão, devem-se usar os medicamentos anti-hipertensivos, independentemente da idade (Lembre-se: jovem também pode ter AVC). Os remédios não devem ser interrompidos ou alterados sem a orientação do médico. O sal deve ser reduzido, deve-se controlar o peso, praticar atividades físicas evitar comidas gordurosas e não fumar. José Almir Adena é médico- cardiogeriatra e um dos fundadores do departamento de Cardiogeriatria da Sociedade Brasileira de Cardiologia(SBC).Participou das primeiras diretrizes sobre cardiogeriatria no mundo.