Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Cacerense Jane Vanini terá trajetória mostrada em filme
Por Thaelman Carlos M. de Almeida
25/11/2013 - 08:58

Foto: arquivo de família
A história foi recriada através de cartas pessoais que possibilitam, pela leitura dos conteúdos e interpretação de seus enunciados, a reconstrução de aspectos de uma experiência político-social trágica vivenciada por uma jovem estudante, entre os anos de 1964 e 1974. Essas cartas pessoais, produzidas entre os anos de 1972 e 1974, foram trocadas entre Jane e Dulce Vanini, e encontraram no restabelecimento das relações familiares, uma das fortes razões de existirem. Trata-se especialmente de duas irmãs, uma delas, autora e remetente, Jane Vanini, que na época vivendo politicamente clandestina em Santiago-Chile, faz de suas correspondências, entre vários outros sentidos, o reatamento de laços afetivos com sua família. Num total de 37 cartas, Jane destinou grande parte delas a Dulce, sua irmã mais velha, a quem tratava afetivamente de "Madrinha" e que, naquele período, na condição de funcionária do Mappin S/A, residia em SP.Capital. Embora Dulce tenha sido a receptora das cartas, Jane endereçou correspondências a outros destinatários como seu irmão, pais, cunhados e tios. (Tudo clandestinamente, o MIR e o PARTIDO COMUNISTA CHILENO recebia e entregava). O filme será dirigido pelo experiente e premiado diretor mato grossense Joel Vaner Leão, que pretende incluir cenas de documentários e histórias de militantes, que lutaram contra a ditadura no MT antes do inicio da guerrilha do Araguaia. HISTÓRIA JANE VANINI, nasceu em 1945 em S. Luiz de Cáceres MT, após completar seus estudos na escola normal em Cáceres, em 1967 segue para São Paulo, onde já residia sua irmã Dulce, que era casada e funcionária do Mappin. Presta vestibular para o Curso Ciências Sociais da USP onde estuda e durante o dia trabalhava como secretária na Editora Abril. Na Editora conhece o jornalista Sérgio Capozzi, também militante estudantil da luta contra a ditadura. Em 68, começa prestar serviços de suporte para a Aliança libertadora Nacional (ALN), organização de esquerda armada e de grande projeção política nas ações de guerrilha urbana, que enfrentou o regime militar brasileiro após o golpe de 64, até o seu ocaso até 1973. Casada com o jornalista Capozzi, entram na clandestinidade e em 1970 o casal embarca no porto de Santos, em um navio Italiano com nome de “Mário e Adélia” desembarca no Uruguai, seguem para Argentina e depois Praga e Cuba. Em Cuba, participam da fundação do MOLIPO e, em 1971, voltam ao Brasil refugiando-se na cidadezinha de Araguaína (GO), onde, no campo, recomeçam a luta revolucionária, (A Guerrilha do Araguaia). No mesmo ano, fugindo das perseguições políticas da ditadura, Jane e Capozzi seguem para o Chile. O casamento finda em 1973. Jane muda o nome para ANA e junta-se com o também jornalista chileno - (PEPE) o casal agora atua no (MIR) Movimento de "Izquerda" Revolucionária, isso, no tempo da transição do capitalismo para o socialismo, do Governo Chileno de Salvador Allende. Em setembro de 1973, com o golpe de Estado do Gal. Augusto Pinochet, Jane Vanini se torna clandestina pela 2ª vez, e no Chile. Sai de Santiago e refugia-se em Concepcion. Na noite de 06 de Setembro de 74, é assassinada pelas forças repressoras. Morre lutando, resistindo, sem ceder e sem se entregar. Nome de rua no RJ, de praça em Concepcion, ela hoje é nome do campus da UNEMAT em Cáceres.
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