Em 2006, o Ministério do Turismo identificou 396 roteiros turísticos envolvendo 1.207 municípios de todas as unidades federativas, sendo que 87 roteiros e 474 municípios tiveram prioridade pelo Programa de Regionalização do Turismo e deveriam adquirir padrão de qualidade internacional. Com o novo Plano Nacional de Turismo 2007-2010, sugeriu-se estruturar 65 municípios para que até 2010 “servirem de modelos indutores para o desenvolvimento turístico-regional”. Os destinos turísticos deveriam ser trabalhados até 2010, para que servissem de modelos como indutores para o desenvolvimento do turismo regional. A seleção do município de Cáceres como um dos 65 destinos indutores do turismo, deu-se através do Estudo de Competitividade do Desenvolvimento Turístico Regional que o Ministério do Turismo juntamente com a Fundação Getúlio Vargas realizaram, devido a sua potencialidade e vantagens apresentadas em frente aos demais municípios. Com a implantação desse projeto, objetivou-se uma estrutura descentralizada, onde esperava que o município se organizasse em conformidade com outros municípios, com a sociedade organizada e a iniciativa privada. A nova estrutura institucional proposta, demandava dos municípios escolhidos, novos esforços e atribuições para o desenvolvimento. Até então, no município de Cáceres, somente a pesca esportiva ou amadora, é explorada turisticamente. Porém, a atividade necessita ser compreendida e desenvolvida de forma organizada e planejada, para que os impactos negativos advindos da atividade possam ser minimizados e ou banidos, sejam em função de ações equivocadas das gestões públicas, ou pela falta de conhecimento técnico, e por fim, pela falta de um engajamento sustentável por parte do trade (comerciantes e empresários do setor) e comunidade em geral. A riqueza de recursos naturais existente na região de Cáceres possibilita a criação de novos “Roteiros Turísticos” para o desenvolvimento do turismo ecológico, histórico, cultural, de eventos e outros. Desta forma, aos poucos e de forma estruturada, desvinculará a dependência pelo atual turismo de pesca, não que este, será erradicado, mas sim, com a formatação de novos produtos, ampliará o campo de atuação do turismo na região. É preciso realçar também que existe diferença entre a simples presença de recursos com potencial para o turismo e a transformação de Cáceres, em produto turístico. Para uma região transformar em um produto turístico, é preciso que a localidade se organize e se prepare, buscando promover a sustentabilidade social, econômica, ecológica, espacial e cultural do patrimônio de que dispõe, integrando ações dos setores público e privado, assim como da comunidade em geral. A elaboração do Plano de Desenvolvimento Turístico do município de Cáceres é o instrumento que norteará as ações relacionadas ao processo de desenvolvimento sustentável da atividade turística, tanto na esfera publica, quanto na privada. Com o esperado desenvolvimento do turismo, haverá espaço para a criação de diversos tipos de empreendimentos voltados à atividade. Deve-se lembrar, contudo, a necessidade de realizar estudos específicos de mercado para cada empreendimento que se pretender implantar em Cáceres. Para que o município se prepare adequadamente para desenvolver o turismo, o primeiro passo é levantar os recursos existentes, de modo a estabelecer os diferenciais que o município apresenta, em comparação com outros concorrentes. Em seguida, é preciso trabalhar perguntas básicas, como: qual é a diversidade de atrações que Cáceres pode ofertar, de preferência complementando o que já vem sendo desenvolvido? Em que sentido esse conjunto tornará Cáceres diferente de outros? Deve-se lembrar que atrair turistas sem a adequada infra-estrutura para recebê-los, muitas vezes funciona como anti-propaganda (ou marketing negativo), pois o cliente insatisfeito não volta ao local visitado. É importante então criar a imagem que o município quer ter perante sua clientela. O próximo passo é adaptar a oferta à demanda, ou seja, conhecer devidamente a clientela que se deseja atrair, tratando de identificar seus gostos, preferências e tendências. Para alcançar o desejado desenvolvimento “turístico cacerense”, é imprescindível que se estabeleçam as devidas parcerias entre setor público e privado, nos mais diversos ramos de atividade, e que as lideranças consigam mobilizar os cidadãos para que participe do mencionado processo. É preciso estar consciente de que desenvolvimento é um caminho de mão dupla: quanto mais se desenvolver Cáceres, mais avançarão seus munícipes e as empresas nela instaladas; por sua vez, o município não progredirá, a não ser com o desenvolvimento sustentável de seus negócios, habitantes e do meio ambiente no e do qual vivem. O produto turístico cacerense precisa ser formatado e melhor apresentado interno e externamente. Cáceres desde 2007 teve grandes oportunidades de desenvolver turisticamente através do projeto 65 Municípios Indutores do Turismo. O MTur, incentivou o crescimento do turismo, disponibilizando recursos públicos para apoio a projetos que visem o desenvolvimento turístico, somando-se as emendas parlamentares que chegavam a um montante naquele período de 2007 a 2010 de R$ 1,27 bilhões do total dos investimentos do projeto em todo país, mas os Gestores Cacerenses não visavam essa possibilidade. A atividade turística em algumas regiões do Brasil e do mundo já se aponta como a principal fonte econômica, porém, vale lembrar que esta, poderá ser configurada como uma alternativa, não só econômica, mas também cultural, pela sua valorização e difusão na comunidade local, como também uma importante ferramenta de conservação e até mesmo de preservação dos recursos naturais. A partir do momento que os responsáveis pelo mercado turístico cacerense se atentarem que o desenvolvimento da atividade depende de profissionalismo e seriedade, de engajamento e parcerias, o setor terá maior flexibilidade de crescimento e consequentemente maior rentabilidade financeira e social. Acorda Cáceres!!! Por Débora Terezinha Franceschini Turismóloga