“Se você não conseguir acompanhar a classe, vai acabar com a barriga no tanque e no fogão”. A frase foi dita por uma professora da escola CAIC, em Cáceres, a uma aluna da segunda fase, que vai completar oito anos no próximo mês. A criança relatou o fato à mãe, que procurou primeiro a professora. Segundo a mãe, que trabalha como lavadeira e passadeira em várias residências, a professora disse que costuma dizer isso para todos os alunos, para que eles prestem mais atenção nas aulas. A mãe então procurou a direção da escola, que informou que a professora tinha problemas de depressão. O fato aconteceu na última quarta-feira,15. Depois desse dia, a professora não deu mais aulas, sendo substituída. A mãe da aluna informou que não sabe se o afastamento é apenas temporário. Revoltada, ela disse que está acompanhando o caso de perto e que não quer mais que a filha seja aluna desta professora. “O fato pode marcar a vida da minha filha para sempre. Eu não estudei porque não tive oportunidade, meu pai trabalhava em fazendas e as mudanças eram constantes. Mas sempre lutei e incentivei meus filhos para que estudem. O mais velho já vai prestar vestibular e o do meio está concluindo o segundo grau. Se a professora da minha menina tem problemas de saúde, ela deveria estar cuidando da saúde, e não em uma sala de aula dizendo absurdos. Será que trabalhar como doméstica é algo que denigre a pessoa? A professora mesmo, para exercer sua profissão, deve ter uma ajudante para os serviços domésticos em sua casa”. A mãe disse ainda que procurou a reportagem para relatar o caso, para que a matéria sirva de alerta para que a direção das escolas acompanhem mais de perto e melhor as atividades das educadoras dentro das salas de aula. “O professor tem que ter também preparo psicológico. Minha filha me avisou sobre o ocorrido. E as crianças que não avisam os pais? Como ficam?”-concluiu. *a pedido da mãe, as identidades dos envolvidos foram preservadas.