Para empresária, planejamento é a palavra de ordem
Por Assessoria/Sebrae
27/01/2014 - 10:58
A qualificação trouxe mais segurança e direcionou as ações da empresária Rosana Bortoleti, que pretende aproveitar a Copa do Mundo de 2014 para aumentar os rendimentos, sem deixar de lado a fidelização dos clientes habituais. Ela também está preparada para recessão, que pode acontecer no período pós-evento.
Rosana é dona do Hotel Portal do Amazônia, localizado em Várzea Grande, e desde que entrou no segmento, há aproximadamente 15 anos, participa de eventos e cursos oferecidos pelo Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sebrae) em Mato Grosso.
Rosana é uma das integrantes do Programa Sebrae 2014 e diz que a palavra de ordem é planejamento. Ela construiu as estratégias de atuação após participar de duas missões técnicas. Uma delas foi na África do Sul, após a Copa do Mundo de 2010, e a outra foi em Londres, depois das Olimpíadas.
Os dias de viagem foram intensos em relação ao conhecimento. Todas as atividades eram dirigidas ao setor de atuação dela e depois do contato com pequenos empresários do setor de hotelaria, Rosana decidiu assumir a venda de todas as reservas para o mundial e não deixar as vagas à disposição da agência credenciada pela Federação Internacional de Futebol (Fifa).
A empresária de Mato Grosso conta que o credenciamento foi positivo para os grandes hotéis, mas parte dos pequenos enfrentou o prejuízo.
No contrato, a agência estabelece que os quartos não podem ser comercializados pelos proprietários dos estabelecimentos e a venda fica a cargo da Fifa.
No documento, a entidade determina ainda que as vagas não comercializadas podem ser devolvidas para os hotéis até 15 dias antes dos jogos. “O fato gerou danos financeiros, já que alguns tinham como certa a venda pela Fifa, fizeram investimentos, mas não conseguiram 100% de ocupação durante o evento”.
Outra medida tomada pela empresária após a missão foi com relação ao atendimento e ao cardápio. Na troca de experiência, percebeu que os países têm hábitos alimentares diferentes e que é preciso algumas alterações tanto com relação à disponibilidade de alimentos, como na louça usada na área de café da manhã.
Rosana explica que os orientais não acham conveniente repetir, então colocam toda comida de uma só vez no prato. ”Como usamos um prato pequeno no café da manhã, eles não conseguem sequer manusear o alimento durante a refeição”.
As demais mudanças têm relação com a inserção de produtos no buffet.
Também houve investimento nos funcionários, que passaram por capacitação, sendo que dois deles falam fluentemente o inglês.
Eles tiveram a oportunidade de praticar em três situações. No final do ano passado, colombianos, australianos e coreanos se hospedaram no hotel. Pessoas da mesma nacionalidade também fizeram reservas para o mundial.
Os clientes estrangeiros dizem que um dos diferenciais do hotel, segundo Rosana, é o tempo de resposta. Todos os e-mails encaminhados com o pedido de orçamento são respondidos rapidamente.
O preço cobrado é outro atrativo. “Muitas pessoas estão praticando valores até 400% acima da tabela habitual. Nas missões, observamos que quem fez isto perdeu clientes cativos e acabou amargando queda na ocupação após os jogos, que duram poucas semanas”.
INVESTIMENTO – Atualmente, o Hotel Portal da Amazônia tem 35 quartos e mais 40 estão sendo construídos em um terreno anexo ao estabelecimento. A empresária explica que o aumento dos quartos e a inauguração de uma nova área de café da manhã, bem como a instalação de vestiários para os funcionários já estavam nos planos.
O processo foi antecipado por causa das facilidades de financiamento, que foram abertos com a Copa. “Faríamos mesmo sem o mundial e não contamos apenas com o evento para pagar a conta”.
RELACIONAMENTO COM O SEBRAE – Rosana veio para Mato Grosso ainda menina. Ela morava com a família no interior do Paraná, no município de Santo Antônio do Sudoeste, na divisa com a Argentina.
Atraída pela possibilidade de crescimento, que foi fomentado pelo governo federal na década de 70, a família se instalou em Sinop, cidade a 500 km ao norte de Cuiabá, às margens da BR-163 – conhecida como Belém-Brasília.
Na juventude, Rosana se casou e veio para Várzea Grande, onde iria administrar um restaurante perto do Aeroporto Marechal Rondon. “Era a oportunidade de ter meu próprio negócio”.
Por 10 anos, a empresária se manteve no mesmo ponto e conseguiu fidelizar uma boa clientela.
O antigo dono do hotel era vizinho dela e quando resolveu deixar o negócio por causa de um problema de saúde, selecionou Rosana e o marido dela para tocar os negócios. “Nós nem estávamos interessados. Ele que ofereceu e insistiu”.
Quando assumiu o estabelecimento, Rosana não tinha nenhuma experiência sobre o setor de hotelaria e a dificuldade pesou na hora de organizar a rotina e os processos da empresa.
Ela conta que teve sorte de contratar um funcionário com prática na área, que a incentivou a procurar o Sebrae.
Desde então, ela faz vários cursos e acompanha todas as ações direcionadas ao setor de hotelaria. “Começou com um curso de atendimento e não parou mais. Nunca estou satisfeita e sempre quero empregar algo para melhorar”.