Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Violência com endereço
Por por Onofre Ribeiro
09/02/2014 - 15:20

Foto: arquivo
É um absurdo. Mas é verdade! O Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o Grupo de Combate ao Crime Organizado – Gaeco, e o Ministério Público Federal emitiram comunicados internos dirigidos aos seus membros, magistrados, promotores e procuradores para se protegerem da possível onda de “terrorismo” que a facção criminosa PCC pode instalar em Cuiabá e em Várzea Grande neste final de semana. O aviso circulou na internet através mídia social “WhatsApp”. As polícias civil e militar entraram em prontidão, apesar de emitirem aviso sobre um possível boato. Tradução: os órgãos da justiça e da segurança de Mato Grosso também estão reféns dos presos dos presídios estaduais. ambém se pode traduzir como um sinal de que, efetivamente, existe um estado paralelo e subterrâneo que nasceu e vive dentro dos presídios estaduais e federais, sob a tutela do Estado e custeado pelos impostos que o cidadão recolhe. Mas a leitura mais crítica é a de que o Estado paralelo é mais presente do que o Estado oficial e muito mais eficiente. Para se compreender o ambiente prisional dentro e o seu comando fora dos presídios, é preciso recordar uma entrevista que Marcos Camacho, conhecido como Marcola, concedeu ao jornal carioca, O Globo, em 2006. Há oito anos o PCC e o Comando Vermelho eram recém-nascidos. Hoje eles organizaram e comandam o crime no Brasil, de dentro das cadeias, mediante uma extensa rede de corrupção e de desmandos. Cito alguns trechos da entrevista para o leitor ver a extensão do problema: “O GLOBO: Você é do PCC?-“ Mais que isso, eu sou um sinal de novos tempos. Eu era pobre e invisível… vocês nunca me olharam durante décadas… E antigamente era mole resolver o problema da miséria… O diagnóstico era óbvio: migração rural, desnível de renda, poucas favelas, ralas periferias… A solução é que nunca vinha… Que fizeram? Nada. O governo federal alguma vez alocou uma verba para nós? Nós só aparecíamos nos desabamentos no morro ou nas músicas românticas sobre a “beleza dos morros ao amanhecer”, essas coisas… Agora, estamos ricos com a multinacional do pó. E vocês estão morrendo de medo… Nós somos o início tardio de vossa consciência social… Viu? Sou culto… Leio Dante na prisão…” O GLOBO: – “Você não têm medo de morrer?- Vocês é que têm medo de morrer, eu não. Aliás, aqui na cadeia vocês não podem entrar e me matar… mas eu posso mandar matar vocês lá fora…. Nós somos homens-bomba. Na favela tem cem mil homens-bomba. (...)A morte para vocês é um drama cristão numa cama, no ataque do coração… A morte para nós é o presunto diário, desovado numa vala…” ONOFRE RIBEIRO é jornalista em Mato Grosso.
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