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Violência doméstica: o 'machismo feminino'
Por Alecy Alves/Diário de Cuiabá
31/03/2014 - 06:18

Foto: ILUSTRATIVA

Mesmo sendo as vítimas, as mulheres seriam mais machistas que os homens quando o assunto é violência doméstica. Pelo menos é o que aponta a pesquisa intitulada “Tolerância Social à Violência Contra a Mulher”, divulgada esta semana pelo Sistema de Indicadores de Percepção Social(SIPS), do Ipea, na qual a maioria dos entrevistados, 66,5%, foram mulheres de praticamente todas as idades, a partir dos 16 anos. 

Apesar de apontar que 78% dos 3.810 entrevistados concordaram totalmente com a prisão para maridos que batem em suas esposas, a pesquisa mostra que 82% concordam que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”. E ainda, que 63% entendem que os casos de violência dentro de casa deveriam ser discutidos somente entre os membros da família. 

Outro dado que chama a atenção indica que 58% concordaram, total ou parcialmente, que “se as mulheres soubessem se comporta haveria menos estupros”. E ainda, que 42% das pessoas acreditam que a mulher é culpada pela violência sexual, muitas vezes por causa da roupa que vestem. 

A promotora de justiça da Vara de Violência Doméstica, Lindinalva Rodrigues, diz que esses dados, infelizmente, retratam a realidade de uma sociedade extremamente machista e preconceituosa, que desconhece como acontecem os abusos e quem são as vítimas. 

Lindinalva destaca que as mulheres violentadas sexualmente, em sua maioria, vivem em situação de vulnerabilidade. São crianças, portadoras de transtornos mentais e pessoas que estavam sob o domínio desses criminosos. 

A maneira como expõem o corpo jamais poderia ser tolerada como incentivo a pratica do crime de estupro. Lindinalva observa que mesmo aquelas que se prostituem têm o direito de decidir com quem querem se relacionar sexualmente. 

Na avaliação dela, o machismo feminino mantém o alto grau de tolerância às mais diversas formas de violação de direitos da mulher e se torna um dos grandes empecilhos na luta pelo fim da violência doméstica. “Mulheres machistas criam filhos machistas e abusadores”, completou. 

Com mais de 15 anos de atuação nessa área, Lindinalva Rodrigues tornou-se uma referência na luta contra a violência doméstica em Mato Grosso. Ela, em conjunto com outras promotoras, coordena o projeto “La em casa quem manda é o respeito”, que oferece assistência social e psicológica aos homens presos por crimes da Lei Maria da Penha. O objetivo é fazê-los entender que agredir a mulher é crime e assim prevenir a reincidência. 

A professora Madalena Rodrigues dos Santos, do Núcleo de Estudos sobre a Mulher e Relações de Gênero 

 

 

(Nuepom) da UFMT, avaliou como reais, porém assustadores os índices da pesquisa. “É por isso que os avanços são poucos”, reagiu, fazendo referência às ações de combate à violência contra a mulher. 

No entendimento da professora, a mudanças poderiam ocorrer se as mulheres tivessem acesso ou demonstrassem maior interesse por informações, leituras que podem fazê-las refletir e chegar a uma percepção mais crítica sobre o tema, por exemplo. 

“Em muitas delas está impregnada a ideia das diferenças, ou seja, que homem pode isso e aquilo e que as mulheres não podem agir ou comportar-se dessa ou daquela maneira. Há aquelas que acham que se a mulher apanhou é porque fez algo para motivar ou merecer a agressão”, lamentou. 

 

 

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