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'Dance com Gervane' na Casa do Parque
Por Aline Coelho
08/05/2014 - 13:11

Foto: Luiz Marchetti
 

De trena nas mãos, Gervane de Paula percorre a Casa de Parque medindo as paredes e divagando sobre a disposição das obras produzidas por ele. Esse é um bom e antigo hábito do artista plástico cuiabano que acredita que toda obra merece uma dimensão, um espaço para se abrigar.

As 20 obras inéditas de óleo sobre tela e guache sobre papel compõe a exposição “Dance com Gervane”, que será lançada no dia 15 de maio abrindo as comemorações de aniversário de dois anos da Casa do Parque com a curadoria de Magna Domingos.

As peças da exposição foram concebidas durante um ano de trabalho no recém-inaugurado ateliê de Gervane, espaço conhecido como Boca de Arte. Situado no Araés, bairro de Cuiabá onde o artista nasceu, cresceu e vive.

O novo espaço é inclusive uma das inspirações do artista plástico, “o bairro tem uma geografia acentuada, mangueiras, luminosidade incrível, gente andando nas ruas, pessoas negras, são essas figuras que estão na minha obra. Dançando, cantando, brincando”.

"A exposição individual de Gervane de Paula vem num momento muito especial em que comemoramos dois anos de trabalho. Sou colecionadora de suas obras e fã da alegria das suas cores", confessa Flávia Salem, idealizadora da Casa do Parque. 

Pintor objetista, escultor e auto rotulado “realista social”, Gervane ainda se considera um colorista notável, pois é a cor que o move e não o tema. Para ele, as cores e as formas são o que atraem o expectador em primeiro momento, o tema vem depois.

“O meu universo temático é bastante diversificado, a dança e a musica são apenas um recorte da minha produção. Esse é um conjunto coerente, representativo e com um fio condutor. Acho o conjunto apropriado para o período de alegria e expectativa que vive Cuiabá e a Casa do Parque. Além de ser um dos melhores trabalhos que já produzi”, conta o entusiasmado Gervande de Paula.

Quando o assunto é Espaço Casa do Parque Gervane de Paula toma uma postura mais realista e opina sobre a produção artística local. De acordo com o artista cuiabano, a Casa é um espaço necessário para a Capital, pois as artes daqui precisam evoluir com o mercado, e hoje o movimento é inverso, os artistas estão muito ligados às instituições públicas. 

Por isso, para ele, a Casa do Parque tem como meta não só divulgar, mas vender os trabalhos, ajudando os artistas a migrar para o setor privado.

Trajetória - Aos 15 anos Gervane de Paula teve o primeiro contato com as artes plásticas por meio do Ateliê Livre de Pintura, na Fundação Cultural, atual Secretaria de Estado de Cultura, sob a orientação de Dalva de Barros, com uma turma conhecida como a segunda geração do Ateliê que inclui Adir Sodré, Benedito Nunes e Regina Pena.

“Ela despertou em todos os artistas da minha geração o interesse pela cultura regional como ponto de partida, com qualidade, sotaque e originalidade”, pontua o artista plástico.

Gervane considera o grupo formado no Ateliê Livre pioneiro no que hoje conhecemos como intervenção urbana.  “Levamos as pinturas para as ruas de Cuiabá, começamos a pintar muros, viadutos, prédios, no projeto “Arte em Movimento”, pintamos os ônibus que iam para os bairros mais distantes”.

As conhecidas mangas gigantes do Hotel Taiamã da Avenida do CPA, bem como parte das pinturas no viaduto da Miguel Sutil são obras do artista. Recentemente, Gervane de Paula pintou a parede do Restaurante Universitário da UFMT. 

Serviço – A Casa do Parque está localizada na Rua Marechal Severiano de Queiroz, 455, bairro Duque de Caxias.

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