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Nova ameaça ronda o Pantanal
Por Elayne Mendes, repórter de A Gazeta
07/09/2014 - 11:05

Foto: ILUSTRATIVA

 O Pantanal Mato-grossense pode perder toda sua riqueza florestal e animal, em menos de 20 anos, caso a Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) opte por aderir à Nota Técnica que contém uma regulamentação que irá dar subsídio à regulamentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) no Pantanal de Mato Grosso do Sul. Essa é uma tese que contraria o estudo realizado pelo grupo de pesquisa do Instituto Nacional de Pesquisa do Pantanal (INPP), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).

A pesquisadora Cátia Nunes da Cunha ressalta que faltam diretrizes para acabar com a situação agonizante do Pantanal, que sofre por conta da falta de pastos para a produção dos pantaneiros. Segundo ela, os estudos realizados pelo INPP visa ter bases legais para o aperfeiçoamento da lei federal já existente, mas que não cabe ao bioma pantaneiro. “A identidade do Pantanal depende da inundação e vazante, diferindo da área de secas (cerrado). A lei federal voltada especificamente para o Pantanal deve ser inovadora e baseada nos conceitos ecológicos dele”.

Segundo Cátia, o atual Código Florestal não é adequado para o Pantanal mato-grossense. “As medidas de áreas de preservação permanente foram realizadas em época de seca, o que faz com que o Pantanal perca muitas áreas úmidas”.

Também integrante do INPP, a doutora em Ciências Florestais, Cândida Pereira Costa, explica as consequências do desmatamento precoce do Pantanal. “Remoção florestal provoca erosões que comprometem a qualidade da água, ambientes típicos pantaneiros podem desaparecer completamente e animais não terão para onde migrar”.

Nota Técnica apresentada pela Embrapa constitui a proposição de uma alternativa para estabelecer limites para a substituição da vegetação nativa no Pantanal visando a formação de pastagens cultivadas, a fim de que os cultivadores de gados ganhem mais campos de pastagens. O documento estabelece um montante passível de substituição por pastagem cultivada para cada categoria de vegetação, sendo 35% dos cerrados, 36% das florestas, 45% dos campos altos e 45% dos campos inundáveis.

O problema, segundo a doutora em Ecologia, Luciana Rebellato, que também faz parte do INPP, é que se esta lei for aplicada ao bioma pantaneiro acarretará na destruição contínua de seu ecossistema. “Ainda existem alternativas de recuperar boa parte do campo. A limpeza de pastagem pode garantir ao pecuarista até 80% do pasto perdido, não sendo necessário o desmatamento”.

Luciana ressalta ainda que o desmatamento pode trazer outros tipos de consequências para o meio ambiente. “Existem certos tipos de espécies campestres que se cortadas, é o mesmo que jogar uma bomba de gás carbono na atmosfera, agravando ainda mais o chamado efeito estufa”.

 

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