Diario de Cáceres | Compromisso com a informação
Desafios da Cadeia Leiteira são discutidos em dia de campo
Por assessoria/Famato
23/07/2012 - 11:35

Foto: arquivo
Incremento na renda do produtor, maior contato com assistência técnica, incentivos financeiros para investimentos em tecnologia, melhorias na qualidade do leite produzido, regularização dos preços pagos pelas indústrias e organização para se ajustar às novas regras da Instrução Normativa 62 são alguns dos principais desafios da cadeia leiteira de Mato Grosso. O estado produz 700 milhões de litros anualmente, o equivalente a 2,3% da produção nacional. O rebanho leiteiro mato-grossense soma 1,5 milhão de cabeças. Cerca de 92% dos produtores são considerados de pequeno porte, com produção diária de até 200 litros de leite. O assunto foi debatido na última sexta-feira (20.07) durante o 1º Famato em Campo Leite, realizado pela Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Associação dos Produtores de Leite de Mato Grosso (Aproleite) e Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos. O Dia de Campo foi realizado na Fazenda Irmão Santos, em São José dos Quatro Marcos – maior bacia leiteira do estado, com produção anual de 700 mil litros. Os irmãos Luiz Carlos, José Carlos e Ângelo Carlos Santos há 10 anos migraram da agricultura para a produção de leite. Na época eles tinham 15 vacas em lactação que produziam de 70 a 80 litros/dia. Atualmente, são 90 vacas em ordenha e a produção é de 1,1 mil litros de leite por dia com duas ordenhas. “Conseguimos atingir isso com melhorias em genética e investimentos em tecnologia. Hoje 100% de nossas vacas são inseminadas artificialmente e a ordenha é toda mecanizada”, informa Luiz Carlos Santos. Apesar dos investimentos e resultados, Santos revela que sente necessidade de melhorar a gestão da propriedade. “Somente este ano percebemos que precisamos investir também em gestão e planejamento. Estamos buscando nos qualificar para saber ao certo quais são nossos custos e se os R$ 0,76 que recebemos do laticínio da cidade é remunerador ou não”, comenta. Segundo o presidente da Famato, Rui Prado, o objetivo da entidade é transformar a produção de leite numa atividade vantajosa ao produtor, visto que o preço pago pelas indústrias ainda dificulta a produção. Atualmente, o produtor recebe em média R$ 0,67, enquanto que o custo de produção gira em torno de R$ 0,50/ litro, segundo levantamento do Diagnóstico da Cadeia Produtiva do Leite de Mato Grosso, feito pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) e divulgado pela Famato em abril deste ano. “Outra situação verificada é que os preços pagos ao produtor diferem no território estadual e oscilam muito durante o ano. Para corrigir essas distorções e fixar um preço médio, a intenção é criar o Conselho do Leite de Mato Grosso (Conseleite) que deve ser constituído por todos que fazem parte da cadeia. Devemos fazer encontros mensais para que os produtores, entidades representativas e a indústria cheguem a um acordo sobre o preço referência praticado mensalmente”, explica Prado. Prado ainda salientou que a Famato está firmando parceria com a Embrapa Agrosilvipastoril e irá realizar quatro dias de campo sobre a pecuária leiteira do estado no próximo ano, além de cursos e treinamentos por meio de um Centro de Referência em Leite. O objetivo é formar novos técnicos que prestarão assistência técnica aos produtores de leite. O presidente da Aproleite e também do Sindicato Rural de São José dos Quatro Marcos, Alessandro Casado, comenta que um grande avanço para a produção no país foi a Lei 12.699/12, que entrou em vigor no dia 19 de junho. A legislação determina que as indústrias informem até o dia 25 de cada mês o preço pago ao produtor pelo litro de leite. “Antes dessa regulamentação, os produtores só sabiam o quanto receberiam pelo produto cerca de 60 dias depois de entregar a produção. Com a nova lei poderemos planejar melhor os investimentos na atividade produtiva por conhecer melhor a remuneração do produto”, declara Casado. De acordo a pesquisadora da Embrapa Sinop, Roberta Carnevalli, uma das palestrantes no evento, se houver planejamento adequado e os produtores cuidarem do animal e da pastagem, 80% dos problemas do setor são resolvidos. “Os cuidados mais simples não só ajudam a aumentar a produção, mas também a qualidade. Precisamos transformar o produtor em um empresário leiteiro. A propriedade precisa produzir, além de leite, alimentação de qualidade”, comenta informando que 65 técnicos da Embrapa estão em formação para auxiliar os produtores na assistência técnica. O produtor Antônio Carlos Bezerra Mourão, também de São José dos Quatro Marcos, conta que produz pouco mais de 50 litros diariamente e que participar do Famato em Campo foi muito importante. “Participar de eventos assim, onde podemos ter contato com as novas tecnologias e também com outros produtores, nos enriquece e abre os olhos para o que precisamos mudar e melhorar. Creio que o produtor de leite precisa se unir para alcançar melhores resultados, principalmente nós que somos pequenos produtores”. Enipec 2012 – A pecuária leiteira de Mato Grosso também será o tema central das discussões do Encontro Internacional dos Negócios da Pecuária (Enipec 2012), que será realizado em outubro deste ano em Cuiabá. Na programação estão previstas palestras sobre a qualidade do leite, sistemas de produção e mercado, entre outros, além de torneio leiteiro estadual e salas de crédito onde os produtores interessados poderão contratar direto dos bancos linhas de crédito para fomentar a produção. O Sistema Famato é composto pelas entidades Famato, Imea, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar-MT) e os 86 sindicatos rurais existentes em Mato Grosso.
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