As redes sociais exercem tipos antagônicos de influência quando se fala de beleza e estética, principalmente na mulher.  As chamadas ‘selfies’, que nada mais são do que  autorretratos,  tem proporcionado não só diversão, mas também transtornos quando há problemas de autoestima.

Na procura da selfie perfeita, algumas pessoas parecem ter decidido que nenhuma aplicação de edição fotográfica ou filtros dos aplicativos, são bons o suficiente para apagar as rugas ou outras imperfeições. A selfie é como um espelho. Diante dela, as pessoas têm uma observação mais atenta das suas imperfeições.

Um estudo anual publicado no início deste ano pela Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia de Reconstrução, mostra que um em três médicos inquiridos viram um aumento nos pedidos de cirurgia, devido à insatisfação dos pacientes com a sua imagem nas redes sociais. Como resultado, diz o relatório, os cirurgiões americanos viram um aumento de 10% nas rinoplastias de 2012 a 2013, um aumento de 7% nos transplantes de cabelo, e 6% em cirurgias nas pálpebras.

É cada vez mais comum receber pacientes nos consultórios tendo com eles  selfies que tiraram, para mostrar onde acham que precisam de melhoramentos. Notamos que na maioria das vezes, as selfies são tiradas caracteristicamente com um ângulo distorcido, o que não proporciona uma representação real da face do paciente.

A região central da face é a que mais chama a atenção das pessoas, porque apresenta os elementos que comandam o equilíbrio facial. O nariz é o principal fator de queixa quando está em desequilíbrio com o todo facial. No homem, a calvície frontal é o maior motivo das queixas.

Percebemos que a mulher quando está de bem com sua beleza física, o seu emocional está excelente e ela faz questão de se expor para que as pessoas a vejam. Ao contrário, quando está brigada com sua aparência, evita a exposição nas redes sociais, e é esse o momento que procura a cirurgia plástica. A mulher que não convive bem com o seu corpo, dificilmente vai colocá-lo em exposição. Porém, há sim a busca por melhoria corporal.

As redes sociais, como o Facebook, Instagram, Snapchat e outros, são tão reais quanto um reality show, nós tentamos sempre mostrar o nosso melhor. O que as pessoas precisam entender é que a palavra perfeição não existe quando se trata de beleza física. O que cada um deve buscar é sim a harmonia entre os segmentos que compõem o corpo. É esse o conceito da cirurgia plástica e é isso que nós buscamos, quando somos procurados.

Os extremos nunca são bons. O excesso de exposição do corpo como a reclusão total das redes sociais são motivos de preocupação. Os complexos movem as pessoas ao consultórios psicológicos, psiquiátricos e também as clínicas de cirurgias plásticas.

O que é importante ressaltar é que a pessoa pode se ver como inadequada, fora dos padrões, mas a autoestima não está baseada somente em questões externas, mas fundada também em outros quesitos que compõem nossa personalidade. As pessoas tem que se gostar, independentemente das circunstâncias ou aparências.

A cirurgia plástica não é objeto de magia, sua função sempre foi e será a de buscar o equilíbrio entre os segmentos do nosso corpo, sem mágicas ou promessas estéreis. A selfie, por si só, não é perigosa, muito menos  a vilã da história, basta que você se goste o suficiente para mostrar-se ao mundo.

 *Dr Joacir Rodrigues Carvalho é médico, especialista em Cirurgia Plástica, membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, e membro efetivo da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica e Internacional de Cirurgia Estética.